Governadores do Nordeste negociam com Ministério da Saúde compra de mais 37 milhões de doses da Sputnik V
Diante da escassez de vacinas no país devido à ineficiência do governo federal, os governadores nordestinos tomaram a iniciativa de negociar por conta própria, como fez o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com a Coronavac, no ano passado
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Os governadores do Nordeste pretendem assinar na próxima semana contrato com o Fundo Russo de Investimento Direto para a compra de 37 milhões de doses da vacina Sputnik V, contra a Covid-19. As doses, vindas da Rússia, devem chegar ao Brasil entre abril e julho.
Diante da escassez de
vacinas no país devido à ineficiência do governo federal, os
governadores nordestinos tomaram a iniciativa de negociar por conta
própria, como fez o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com a
Coronavac, no ano passado.
Em reunião virtual neste sábado
(13) entre os nove governadores do Nordeste e o ministro da Saúde,
general Eduardo Pazuello, ficou acertado que, apesar de os estados
firmarem os contratos, o governo federal compromete-se a efetuar o
pagamento, o que garantirá que as doses sejam incluídas no PNI (Plano
Nacional de Imunização) e distribuídas proporcionalmente a todos os
estados.
De acordo com governadores que participaram da
reunião, os contratos serão assinados por cada estado entre segunda (15)
e quarta-feira (17). Cada dose custará US$ 9,95 (R$ 55,25 na cotação
atual). O preço total de cada contrato depende ainda do cálculo de
outros itens, como frete. O cronograma ainda não foi fechado.
Caso
o Ministério da Saúde não efetue o pagamento na chegada de cada
remessa, os nove estados nordestinos pagarão a fatura e distribuirão as
doses apenas entre eles.
Uma lei sancionada pelo
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na quarta-feira (10) permite que
estados e municípios comprem vacinas.
"Qual é o ponto
principal? É evitar uma espécie de salve-se quem puder, quebrar o
princípio da igualdade do SUS. Se acontecer isso, vai ser muito ruim
para o país. É um retrocesso civilizacional. Não queremos", disse à
reportagem o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).
"A
posição unânime dos governadores é que a aquisição e a distribuição não
pode ser um salve-se quem puder e quem tem dinheiro passa na frente",
afirmou o governador.
A Sputnik V ainda não teve registro
liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas, de
acordo com Dino, houve compromisso de Pazuello com a celeridade do
processo.
O Ministério da Saúde confirmou à reportagem que irá
custear o contrato fechado pelos governadores do Nordeste e que as
vacinadas serão incorporadas no Plano Nacional de Imunizações. Disse
ainda que tem trabalhado para agilizar a aprovação da Sputnik junto à
Anvisa.
A pasta assinou nesta sexta-feira (12) o contrato para
a compra de 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. As doses
serão importadas pelo laboratório União Química, parceiro do Fundo Russo
de Investimento Direto, que representa o imunizante.
Segundo o
ministério, o cronograma inicial apresentado pela empresa prevê a
entrega de 400 mil doses da vacina até o fim de abril, seguidas de 2
milhões de doses no fim de maio. O restante deve ser entregue até o fim
de junho.
Em fevereiro deste ano, após meses de críticas
devido à falta de revisão e o passo acelerado de sua aplicação na
Rússia, a vacina Sputnik V teve a análise preliminar de sua fase 3 de
ensaios publicada pela revista britânica The Lancet.
Os dados
apontaram que o imunizante teve 91,6% de eficácia em um estudo com cerca
de 20 mil participantes. Desses, houve 16 contaminados que
desenvolveram a Covid-19 com sintomas leves no grupo vacinado e 62,
entre aqueles que tomaram placebo.
Na reunião deste sábado, governadores disseram que além do
compromisso de pagar pelos 37 milhões de doses negociados pelos estados e
de dar celeridade no processo de registro na Anvisa, Pazuello informou
que o Ministério da Saúde assinará nesta semana os contratos com Pfizer e
Janssen.
Notícias ao Minuto
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