Usinas de Furnas poderão gerar energia hidrelétrica e solar: “É uma usina para estudos”
A partir
da instalação de um sistema de geração de energia solar fotovoltaica no
entorno e no reservatório da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, no rio
Paranaíba, Furnas Centrais Elétricas vai estudar como este tipo de
unidade pode ampliar o tipo de energia produzida. “É uma usina para
estudos”, salientou hoje (3), em entrevista à Agência Brasil, o gestor
técnico da Gerência de Pesquisa, Serviços e Inovação Tecnológica de
Furnas, Jacinto Maia Pimentel. Itumbiara é a maior usina do Sistema
Furnas e fica localizada entre os municípios de Itumbiara, em Goiás, e
Araporã, em Minas Gerais.
O
projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de Furnas vai trabalhar
também com o armazenamento de energias sazonais e intermitentes em
sistemas de hidrogênio e eletroquímico. “Vamos armazenar energia gerada
através da fonte solar, porque ela só pode ser gerada durante o dia.
Para buscar ter um período maior de fornecimento de energia de origem
solar, a gente armazena”, disse Pimentel. Esse armazenamento é feito em
baterias de alta capacidade e também através de hidrogênio, “gás que
volta para fazer a geração de energia elétrica”. Essas são as duas
formas de armazenamento que serão testadas no projeto.
O projeto
básico já foi iniciado e deve ser concluído em 32 meses. “Estamos com 16
meses, no meio do projeto em termos de prazo”, revelou o gestor
técnico. O projeto prevê investimentos de R$ 44,6 milhões da carteira de
P&D de Furnas e é resultado de parceria com a empresa Base-Energia
Sustentável, associada à Universidade Estadual Paulista (Unesp), à
Universidade de Campinas (Unicamp), ao Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial de Goiás (Senai-GO), à Universidade de Bradenburgo (Alemanha)
e à PV Solar.
Jacinto Maia Pimentel informou que a Universidade
de Bradenburgo tem experiência no armazenamento de hidrogênio. “Isso
facilita a nossa rota tecnológica porque (significa) trabalhar com quem
já tem experiência; a gente não fica reinventando o que já foi
trabalhado. A gente já vai trabalhar daquele ponto para a frente”,
disse.
Pimenteu
destacou que o projeto executivo já está pronto e com a aquisição de
equipamentos de alta tecnologia realizada e em fabricação nas
indústrias. Agora, vai começar a fase de implantação da planta de
energia solar no solo. “São duas fontes de geração solar fotovoltaica.
Uma no solo e outra será flutuante, no reservatório”, contou. A planta
do solo já tem todo o sistema de suporte dos módulos fotovoltaicos
montado. Esses módulos são importados da China e até o final deste mês
já estarão na usina.
Em junho, Furnas espera realizar
o comissionamento, isto é, os testes finais de toda a planta para
colocá-la em operação. Serão testados todos os equipamentos e a
interligação entre eles, para trabalhar em conjunto, salientou Pimentel.
Com isso, a previsão é que até o final de junho, a usina estará
funcionando dentro da sua capacidade, permitindo que se iniciem estudos
de utilização dessa energia, juntamente com a energia hidrelétrica de
Itumbiara.
A perspectiva é que, se tudo der certo, esse sistema de
geração de energia solar e hidrelétrica poderá ser implantado em outras
usinas de Furnas pelo Brasil. “Furnas já estuda uma forma de utilizar
as áreas de suas usinas e seus reservatórios para gerar energia solar
também”, disse.
Jacinto
Maia Pimentel informou que Furnas já tem instalados em todas as suas
usinas sistemas de irradiação solar. A empresa está monitorando para
verificar, no futuro, onde é mais propícia a instalação desse tipo de
unidade. Ao contrário do projeto da Usina de Itumbiara, em que a energia
solar gerada não será comercializada, a parte de energia solar das
outras usinas de Furnas “já é uma veia comercial realmente”, confirmou o
gestor.
De acordo com exigência da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), o monitoramento deve ser executado no prazo de um ano.
Pimentel estimou que até o meio deste ano, algumas usinas de Furnas
já terão concluído o monitoramento. Isto permitirá à empresa entrar,
futuramente, nos leilões para ofertar a energia solar. Furnas deverá
priorizar as usinas que mostrem maior rentabilidade, completou o gestor
técnico.
A
energia solar que será gerada pela usina fotovoltaica será destinada ao
Sistema de Serviços Auxiliares da usina hidrelétrica. Essa energia
totalizará 1000 kWp (quilowatts pico, unidade de potência associada à
energia fotovoltaica), dos quais 200 kWp serão provenientes das placas
localizadas no reservatório da usina, que serão interligados aos 800 kWp
das demais placas instaladas em solo. A UHE Itumbiara foi escolhida por
apresentar os melhores índices para geração solar em relação às demais
usinas do sistema Furnas e por deter um reservatório adequado para a
instalação dos painéis fotovoltaicos flutuantes, esclareceu a empresa,
por meio de sua assessoria de imprensa.
Ainda de acordo com a
assessoria de Furnas, para a obtenção de dados que auxiliem a
operacionalidade da planta, foram instaladas uma estação solarimétrica e
um ondógrafo flutuante. O conjunto analisa, em tempo real, a incidência
de raios solares e a intensidade das ondas no reservatório. Os dados
obtidos são enviados para o Laboratório de Dinâmica da Gerência de
Serviços e Suporte Tecnológico de Furnas, localizado em Aparecida de
Goiânia (GO).
Agência Brasil
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