Mohamad Barakat alerta sobre dietas e alimentos que podem causar doenças
Médico ensina os quatro pilares da Medicina Integrativa: alimentação e intestino saudável; prática de exercícios físicos; qualidade do sono e controle do estresse; e o equilíbrio do corpo, mente e espírito
"Mais do que aquilo que comemos, somos o que absorvemos”, disse Barakat - (Foto: Reprodução/arquivo pessoal) |
O médico Mohamad Barakat afirma, em entrevista
exclusiva ao Portal ClickPB, que para perder peso, é preciso ir além da
dieta. Os quatro pilares para uma vida saudável, para ter o corpo, a
mente e o espírito em equilíbrio, segundo o especialista em Medicina
Integrativa, são: alimentação e intestino saudável; prática de
exercícios físicos; qualidade do sono e controle do estresse; e o
equilíbrio do corpo, mente e espírito.
“Quando falamos em alcançar saúde e qualidade de vida é preciso
pensar no indivíduo em sua integralidade”, afirma Barakat, ícone da
Medicina Integrativa, medicina centrada no ser humano em sua totalidade
(corpo, mente e espírito) - de maneira holística, biopsicossocial,
multiprofissional. Ele é autor do livro “Pilares para uma Vida Saudável
#Escolhi Ser Feliz” e fundador do Instituto Dr. Barakat de Medicina
Integrativa, localizado em São Paulo.
Segundo o médico, a alimentação é fundamental, o que vem a formar o primeiro pilar para uma vida saudável:
“Costumo dizer que mais do que aquilo que comemos, somos aquilo que absorvemos - por isso o primeiro pilar é composto de ‘Alimentação e Intestino Saudável’”.
Neste contexto, orienta o médico, é preciso se consumir uma comida
rica em nutrientes, isenta de produtos industrializados e seus
conservantes, corantes e tantos outros elementos químicos. Barakat
classifica esses alimentos industrializados como “antinutrientes”, que
podem impactar na saúde, enfraquecer o sistema imune, e em longo prazo,
ocasionar doenças como diabetes, obesidade, hipertensão, doenças
autoimunes e, até mesmo, o câncer.
Barakat lembra que a função primária do intestino é absorver água e
nutrientes no organismo, e explica a relação entre alimentação e
intestino saudável.
“É impossível ter um intestino saudável se sua alimentação também não
o for: uma coisa é consequência da outra, sempre! A perfeita função da
barreira intestinal e o equilíbrio da microbiota são requisitos de
bem-estar e saúde, pois o intestino é uma importante área de troca do
corpo humano com o meio externo”.
Outro ponto interessante destacado pelo médico é que o intestino é
responsável pela produção de aproximadamente 80% de serotonina, um
neurotransmissor que atua no nosso cérebro responsável por conduzir
impulsos nervosos como o humor, sono e funções intelectuais. “Por isso,
há quem chame o intestino de ‘segundo cérebro’. Compreende? Está tudo
interligado!”, afirma.
Conforme Barakat, “o segundo pilar, exercícios
físicos, compreende o que o próprio nome já diz: precisamos nos
movimentar. Sair de uma vida sedentária e exercitar nosso corpo para que
ele alcance seu melhor desempenho. Caminhar, correr, dançar, fazer
musculação, jogar basquete, tênis, futebol, tudo vale! O segredo é
encontrar uma atividade com a qual se identifique e colocar o corpo para
entrar em ação”.
Já no terceiro pilar, sobre o sono e estresse,
Barakat ressalta que é no período do sono que o organismo regula suas
funções. Apesar do hábito de dormir ser algo completamente natural, nem
sempre é tão fácil quanto parece, diz o médico. “E um dos maiores
inimigos da qualidade do sono é o estresse”, frisa.
O estresse é o novo e maior mal do século, segundo Barakat. Ele pode
ocasionar diversas reações no corpo como o aumento do batimento
cardíaco, da respiração e da pressão arterial. Antigamente, o estresse
poderia ser um encontro com um animal feroz, atualmente, no entanto, a
correria do dia a dia e a vida na cidade acabam sendo os grandes vilões,
comenta.
Ainda segundo o profissional, o estresse gera a secreção abundante,
pela glândula suprarrenal, de um hormônio chamado cortisol. “Este nos
prepara para situações de adversidades – emocionais ou físicas -, nos
carregando de energia. E, como já vimos, quando não ‘desligamos’ para
aquilo que ocorre ao nosso redor, fica difícil ‘desligarmos’ para
alcançarmos um sono reparador para o organismo”, explica.
“Acreditem: o travesseiro não é o lugar para colocar as ideias no
lugar e tentar encontrar soluções para resolver situações de
adversidades. A cama e seus componentes são ferramentas para
proporcionar um ambiente propício para uma boa noite de sono.
Entretanto, de nada adiantará se você levar consigo todos os fantasmas e
monstros. Tarefa difícil, eu sei. Requer um exercício mental, um
equilíbrio que conta com um conjunto de fatores: desde boa alimentação
(com comida de verdade), até meditação e outros subterfúgios que podemos
lançar mão para reduzir o ritmo da mente, sobretudo, após um dia
cheio!”.
O quarto pilar trata do equilíbrio do corpo, mente e
espírito. Embora possam parecer distintas, a saúde física e mental
estão relacionadas. O que ocorre com seu corpo pode impactar na mente,
no seu emocional e psicológico e vice e versa.
Inclusive o conceito da medicina integrativa nos mostra que cada
indivíduo deve ser observado em sua integralidade – não apenas sintomas
físicos, mas sim, os aspectos biopsicossociais devem ser levados em
consideração seja no âmbito da prevenção ou de uma terapêutica, diz
Mohamad Barakat.
“Nosso organismo e cada parte dele que nos forma não são partes independentes, sobretudo, não estão dissociadas de nossa mente e espírito. O que forma o ser humano é esta unidade derivada deste conjunto”.
Assim, podem exercer impacto sobre a saúde e qualidade de vida
fatores externos, como má alimentação, meio ambiente e etc. e internos,
como estresse, ausência de perdão entre outros aspectos altamente
tóxicos no campo da inteligência emocional. Muitas doenças estão
relacionadas a estes fatores como alergias, síndrome do pânico, câncer,
depressão e etc.
O que se passa em sua mente - o que você pensa e como você se sente -
diretamente impacta seu corpo, que por sua vez afeta seu pensamento e
emoções, ensina.
“Nossas reações às situações externas produzem hormônios que podem
alterar de forma drástica o funcionamento do organismo. Por exemplo,
quando estamos sob estresse, ocorre a liberação dos hormônios adrenalina
e cortisol. Em quantidade normal, eles fazem bem e são indispensáveis
ao funcionamento do corpo. O problema acontece quando passam a ser
produzidos por muito tempo e em quantidades muito acima do necessário,
pois geram problemas físicos", alerta.
"Por isso insisto tanto na importância de manter sempre a mente
ocupada com pensamentos positivos, em sermos gratos e exercitarmos a
gratidão diariamente, nas pequenas coisas. Está em nossas mãos!”,
orienta Barakat.
“Observo muitos focados em emagrecer, perder peso. Na verdade o propósito deve ser reeducação alimentar, mudança no estilo de vida. Este é o caminho. De nada adianta por exemplo comer bem e viver estressado ou ser sedentário. O corpo sente e dá sinais”.
Ainda segundo o profissional, “o que nos mantem vivos diariamente é o
bom funcionamento de nosso organismo. Neste processo cada órgão deve
operar em harmonia para que possamos realizar nossas atividades
diariamente. Entretanto, quando há algum desequilíbrio pode haver uma
‘pane’ em determinada parte do sistema”, alerta.
Você só conquistará saúde e qualidade de vida, afirma, quando
compreender que se trata de um conjunto: alimentação, exercícios,
controle do sono e estresse; equilíbrio corpo, mente, espírito, que
levará uma pessoa a níveis que vão além de perder quilos, mas
possibilitarão conquistar uma vida saudável.
Sem uma mudança integral, a pessoa após perder os desejados “quilos”
extras, pode retornar ou manter os velhos hábitos e ganhar novamente
peso. A perda de peso será uma consequência de um organismo mais sadio,
menos inflamado por determinados alimentos. “Foi o que busquei
apresentar no meu primeiro livro que lancei em abril deste ano”,
observou Barakat.
O médico explica os equívocos em dietas para emagrecer: “É preciso ir
além de dietas para perder peso e passar a enxergar o todo! Cada
indivíduo é único e deve ser acompanhado conforme suas especificidades.
Mas praticar atitudes alimentares e ter um estilo de vida mais
qualitativo é algo que serve para todos. Começa desde a infância e segue
por toda a vida. Muitos, quando adultos, encontram grande dificuldade
de modificar a dieta alimentar exatamente porque quando pequenos foram
introduzidos aos congelados, aos doces com açúcar refinado (um veneno
para o organismo); à farinha branca, ao glúten entre outros produtos”.
“Há algum tempo lancei uma proposta que trata de promover o alcance à
qualidade de vida por meio da ressignificação da forma como nos
relacionamos com aquilo que comemos”, pontua.
De acordo com o fenômeno das redes sociais, toda mudança – sobretudo
alimentar - pode incomodar no início. “Afinal, para aqueles que comem
doces e massas desde a infância, adequar a rota irá requerer esforço”,
disse.
Por isso, Barakat propõe o que convencionou chamar de ‘Desafio 30
Dias Dr. Barakat’, que nada tem a ver com dieta, mas sim, com uma
reeducação alimentar, explica.
“Não se trata de uma restrição, mas de substituições. De em lugar de
um refrigerante, dar preferência a uma água de coco natural. Em vez de
açúcar refinado, ingerir o de coco, mascavo e outros. As opções são
vastas”, assegura.
Por isso o objetivo é promover a experimentação de um novo estilo de
vida por meio daquilo da alimentação e, com o tempo, transformar isso em
uma rotina.
Assim, durante o período de um mês, gradativamente, alguns alimentos
deverão ser retirados das refeições. Por meio desta exclusão de
determinados produtos será possível avaliar mudanças no organismo – que
vão desde bem-estar, melhoras no desempenho do seu sistema autoimune
(redução de alergias respiratórias, por exemplo), na produtividade, no
funcionamento do intestino e, mais importante, na autoestima. No caso do
glúten e do leite, a recomendação é que seja feita uma exclusão total,
inclusive de suas possíveis substituições saudáveis.
Orientações do Doutor Barakat:
Proponho que se inclua alimentos como água de coco; Sucos
orgânicos/naturais; Leite de amêndoas / coco em lugar de consumir
refrigerantes; sucos de caixinha e leite.
Procure consumir açúcar de coco, açúcar mascavo, demerara e stevia em lugar de adoçante e açúcar branco refinado.
Procure consumir farinha de coco, de linhaça, de maracujá, de quinoa, em lugar de farinha branca refinada.
Use o sal marinho, sal rosa, temperos e Ervas (Caseiros e Naturais)
em lugar do sal branco refinado e temperos prontos (como estes em sachê
ou em cubos).
Exclua o uso de óleos como de canola, girassol, de milho e prefira banha de porco, manteiga ghee – por exemplo.
Prefira alimentos orgânicos, pratos feitos em casa, por você, que
você conhece a procedência, em lugar de alimentos industrializados,
processados, embutidos, conservantes.
O Doutor Mohamad Barakat acredita que grande parte da população,
devido a sua rotina muitas vezes corrida, acaba deixando para segundo,
terceiro planos os cuidados com a alimentação e prática de exercícios.
“Desde que passou a haver uma grande oferta de produtos congelados,
prontos considero que isso contribuiu para o distanciamento de uma
alimentação ‘de verdade’", lamenta.
"O que quero dizer com o conceito de comida de verdade é aquele
alimento mais natural possível, orgânico, isento de produtos como
conservantes, preservantes entre tantas outras substâncias que não
agregam valor nutricional e podem até causar danos ao organismo. Sempre
aconselho a descascar mais que desembalar”, ensina.
Da prática de atividade, as pessoas se deixam absorver pelo ritmo do
dia a dia – casa, trabalho e estudo, e acabam esquecendo que o ser
humano é formado por “corpo, mente e espírito” – ou seja, a saúde física
e mental devem se manter em equilíbrio para que haja saúde e qualidade
de vida, diz Barakat.
"E, os exercícios físicos são fundamentais para alcançar o melhor desempenho do organismo. De nada adianta se comer adequadamente, mas ser sedentário. Uma coisa complementa a outra".
Barakat termina essa entrevista deixando a reflexão do pai da
Medicina Hipócrates: “que o alimento seja sua medicina". E segue: "Mais
do que aquilo que comemos, somos o que absorvemos”.
“Precisamos focar na qualidade nutricional de nossos alimentos,
compreender a origem da comida que levamos à mesa e evitar as
facilidades da indústria como meio de se manter bem alimentados”,
completa Barakat.
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