Sergio Moro nega pedido de Lula para adiar interrogatório de Marcelo Odebrecht e Palocci
Empresário Marcelo Odebrecht disse que Lula foi beneficiado com a compra, por R$ 12 milhões, de um imóvel em São Paulo, um terreno, que seria destinado ao Instituto Lula, mas não foi usado
Na sexta-feira, defesa de Lula pediu o adiamento dos interrogatórios - (Foto: Pabro Jacob/ O Globo) |
O juiz Sergio Moro negou nesta segunda-feira o pedido
da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suspender os
interrogatórios de Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira que leva o seu
nome, e Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, na ação em que o
petista responde por supostas vantagens indevidas recebidas da
Odebrecht.
Na sexta-feira, a defesa de Lula pediu o adiamento desses
interrogatórios, alegando que não teve tempo para analisar dados dos
sistemas de contabilidade paralela da companhia, anexados ao processo na
semana passada.
O depoimento de Lula está agendado para o dia 13 de setembro, em
Curitiba. Antes dele, devem falar a partir das 14h de hoje o próprio
Marcelo Odebrecht, Demerval de Souza Gusmão Filho e Paulo Ricardo
Baqueiro de Melo. Já Palocci tem depoimento agendado para quarta-feira
(dia 6).
Os advogados de Lula afirmam que houve cerceamento de defesa. Dizem
que não tiveram acesso à integra de todos os documentos do departamento
de propina da Odebrecht — os sistemas My Web Day e Drousys — abrigados
em servidores de Angola, Suíça e Suécia. Por isso, a defesa pedia prazo
de 30 dias para análise, contados a partir do dia em que as informações
forem disponibilizadas.
No despacho, Moro discordou da argumentação da defesa de Lula. No
entanto, o juiz disse que, caso seja necessário, os acusados poderão
prestar novos depoimentos para complementar informações sobre documentos
juntados recentemente.
“Não há base legal, porém, para a pretensão da defesa de Luiz Inácio
Lula da Silva de requerer tais provas antecipadamente e com isso
suspender o processo para aguardar a produção dessas mesmas provas. Isso
sem prejuízo de serem os acusados ouvidos novamente para questões
complementares no futuro”, escreveu Moro.
Em delação premiada, o empresário Marcelo Odebrecht disse que Lula
foi beneficiado com a compra, por R$ 12 milhões, de um imóvel em São
Paulo, um terreno, que seria destinado ao Instituto Lula, mas não foi
usado.
A empreiteira também teria desembolsado cerca de R$ 500 mil por uma
cobertura vizinha ao apartamento de Lula em São Bernardo do Campo, que
foi colocada em nome de Glaucos Costamarques, primo do pecuarista José
Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. A família Lula ocupa a cobertura e
afirma que paga aluguel.
Os valores teriam saído do Setor de Operações Estruturadas da
empresa, que ficou conhecido como departamento de propina, e os valores
destinados ao PT eram relacionados nas planilhas "Italiano" e
"Pós-Italiano, respectivamente administradas por Palocci e pelo também
ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Os valores que seriam para Lula estariam relacionados com o codinome Amigo, como o ex-presidente era chamado dentro da empresa.
O Globo
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