Candidata a miss ataca clínica “clandestina” por queimaduras no corpo
O
bronzeado natural com marquinha de fita isolante ou crepe é febre neste
verão, mas ele saiu caro para a estudante Blenda Gomes Soares, 26. A
garota de Brasília viu a possibilidade de ganhar a faixa de Miss
Continental Distrito Federal 2016 estourar junto com as bolhas de
queimadura de primeiro grau que teve após, segundo a modelo, fazer o
procedimento em uma espécie de clínica de estética Espaço das Divas, em
Vicente Pires (DF).
O procedimento foi realizado há cerca de oito
meses e naquela época Blenda registrou o boletim de ocorrência na 38ª
delegacia de polícia, em Vicente Pires. Ela também fez um laudo do IML
(Instituto Médico Legal), que apontou “descamação da epiderme na face
ântero-interna das coxas e na região infra-umbilical, compatível com
queimadura de primeiro grau”. O caso ganhou exposição agora pela
proximidade da edição 2017 do Miss Continente Distrito Federal e após a
morte de uma jovem de 20 anos no Distrito Federal em decorrência de
queimaduras feitas durante procedimento semelhante, em outra clínica.
“No
dia 1º de abril eu fui até o estabelecimento fazer o bronzeamento. Eu
tinha prova de biquíni no dia seguinte, mas não pude participar porque a
minha pele ficou muito vermelha e com algumas manchas brancas. Ardia
muito, eu não conseguia nem tomar banho”, fala Blenda ao UOL. “Trabalhei durante um ano para este concurso, percebi que saí no prejuízo”, prosseguiu.
De
acordo com a Miss Brazilândia 2016, funcionários passaram um produto no
seu corpo — que ela não sabe qual era — e foi orientada a ficar no sol
do meio-dia às 13h30. Quando percebeu, já em casa, que a pele estava
cheia de bolhas, mandou uma mensagem para a proprietária do local, que
falou “que as marcas sumiriam com o tempo”.

Darlene
Óliver, proprietária do Espaço das Divas, diz que as acusações de
Blenda são infundadas. “Eu não reconheço ela. Nunca a atendi”, afirma.
De acordo com a empresária, o estabelecimento não faz o bronzeamento
natural depois das 11h, horário em que a Miss diz ter chegado ao local.
“Só atendo no período da manhã, das 7h às 11h”, explica. O produto usado
no processo é, segundo ela, “uma parafina regulamentada pela Anvisa”.
A
dona da clínica diz que o Espaço das Divas tem CNPJ, “mas não está
vinculado a este endereço”, e uma autorização para funcionamento, uma
vez que ela começou o processo para obter o alvará. A assessoria de
imprensa da Administração Regional de Vicente Pires fala, no entanto,
que a clínica não poderia estar funcionando. O documento apresentado por
Darlene à reportagem é “só um primeiro cadastro, que pode ser obtido
facilmente pela internet”.
A Administração Regional afirma, ainda,
que a clínica não tem CNPJ, nem profissionais preparados para a
atividade e está localizado em área residencial.
De acordo com a
38ª Delegacia de Polícia, o caso foi registrado como “em apuração” e,
após investigação, Darlene Óliver pode responder por lesão corporal,
cuja pena é detenção de 3 meses a um ano.
Mas estas clínicas podem funcionar?
Consultada
pela reportagem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
diz que não há “restrição ou regulamentação quanto ao bronzeamento
natural (com exposição direta ao sol). Existem recomendações do
Ministério da Saúde quanto aos horários de exposição”. O mesmo não se
aplica às câmaras de bronzeamento artificial, cujo uso estético é
proibido desde 2009.
Por sua vez, as parafinas, usadas como
bronzeadores, são produtos sujeitos à vigilância sanitária e precisam
ser registrados junto à Anvisa. É importante os usuários checarem os
rótulos e o número de registro antes de usá-los.
A vigilância
sanitária local afirma que não existe legislação específica para este
tipo de estabelecimento no processo de retirada de alvará, apenas para
bronzeamento artificial. O lugar, no entanto, pode conseguir a
autorização como centro de estética e, dentro dele, oferecer o serviço
de bronzeamento natural.

Bol
Nenhum comentário:
Postar um comentário