sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Liberado após passar dez dias preso, prefeito eleito tem nova ordem de prisão

Foragido da Justiça, prefeito eleito de Choró (CE) foi diplomado por meio de procuração para o filho; ele chegou a se entregar à Justiça e foi liberado após 10 dias preso

Presidente do TRE-CE, desembargador Raimundo Nonato Silva Santos, oficializa diplomação de Bebeto Queiroz, representado pelo filho na cerimônia
Presidente do TRE-CE, desembargador Raimundo Nonato Silva Santos, oficializa diplomação de Bebeto Queiroz, representado pelo filho na cerimônia - Foto: Reprodução

O prefeito eleito de Choró, Bebeto Queiroz (PSB), foi diplomado para o mandato à frente do Executivo do Município na tarde de 14 de dezembro. O mandatário, no entanto, está foragido da Justiça. Sob risco de ser preso caso aparecesse na cerimônia, ele nomeou o filho, Daniel Queiroz, como seu representante legal para ser diplomado.

A cerimônia ocorreu no Fórum Desembargador Avelar Rocha, em Quixadá, e contou com a presença do presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), desembargador Raimundo Nonato Silva Santos.

A diplomação é a última etapa da eleição, passados os prazos de questionamento e de processamento do resultado. É o meio pelo qual a Justiça Eleitoral atesta a escolha das urnas, tornando aquela figura pública apta a tomar posse no cargo.

Sob suspeita

Conforme noticiou o PontoPoder, Bebeto Queiroz é investigado por supostamente participar de esquema de compra de votos e por influenciar nas eleições de outubro "em dezenas de municípios do Ceará". 

Em 04 de outubro, a Polícia Federal deflagrou uma primeira operação, chamada de Mercato Clauso. Na ocasião, a PF apreendeu R$ 600 mil com indivíduo vinculado a grupo que atuava nas cidades de Fortaleza, Canindé e Choró.

Em 22 de novembro, foi a vez do Ministério Público do Ceará (MPCE) sair às ruas para investigar suspeitas de irregularidades em contratos feitos pela Prefeitura de Choró. O então prefeito da cidade, Marcondes Jucá (PT), foi preso na operação, nomeada de Ad Manus (Nas Mãos). 

À época, o prefeito eleito Bebeto Queiroz foi considerado foragido pela Justiça, mas se entregou à Polícia Civil no dia seguinte. Ele chegou a ficar 10 dias detido, mas foi liberado. 

No entanto, no dia 05 de dezembro, o político voltou a ser alvo da operação Vis Occulta, um desdobramento da operação Mercato Clauso. Bebeto não foi localizado pelos agentes federais, portanto, é considerado foragido.

Segundo divulgou a PF, as investigações "revelaram indícios de que os valores utilizados para a compra de votos foram obtidos por meio de um esquema de caixa 2, envolvendo contratos públicos direcionados a empresas vinculadas à organização criminosa”. Ainda conforme a corporação, os recursos eram destinados ao “financiamento ilícito de campanhas eleitorais".

Diplomação

Na cerimônia de diplomação, além do filho de Bebeto, também compareceu o vice-prefeito eleito, Bruno Jucá (PRD), e os vereadores do próximo mandato, além dos demais eleitos nos municípios da 6ª Zona Eleitoral (Quixadá, Banabuiú, Choró e Ibaretama). 

Caso seja comprovada a atuação do prefeito eleito no esquema, Bebeto pode ser responsabilizado não só criminalmente, como também no âmbito eleitoral, com cassação de chapa. 

Segundo a Polícia Federal, as informações apuradas devem ser compartilhadas com as Promotorias Eleitorais de Canindé e Choró, para "subsidiar o eventual oferecimento de ações impugnativas” nesse sentido.

Se Bebeto seguir desaparecido ou sua prisão for renovada até depois de 1º de janeiro, quem toma posse da Prefeitura perante a Câmara Municipal de Choró é Bruno Jucá, o segundo na linha sucessória. 

A reportagem procurou o vice-prefeito eleito para esclarecimentos sobre a situação jurídica e política da chapa, mas não houve retorno.

Blog JURU EM DESTAQUE com Diário do Nordeste - Escrito por Igor Cavalcante igor.cavalcante@svm.com.br - 14 de Dezembro de 2024 - 18:36

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