Conheça a origem da missão Artemis, para levar humanos novamente à Lua
© Handout . / Reuters
SALVADOR NOGUEIRA - SÃO
PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em 1º de fevereiro de 2003, o ônibus espacial
Columbia retornava do espaço quando uma fissura no bordo de asa permitiu
que plasma superaquecido destroçasse o veículo durante a reentrada,
matando seus sete ocupantes. Era o segundo acidente fatal com um ônibus
espacial, depois do trágico voo do Challenger, em 1986. Um comitê
independente foi formado para investigar o acidente e avaliar o programa
espacial americano.
O
movimento levou o então presidente George W. Bush, em 2004, a
apresentar a política conhecida como Visão para Exploração Espacial, que
tinha alguns itens básicos: concluir a construção da Estação Espacial
Internacional em 2010, em seguida aposentar os ônibus espaciais, tidos
como inerentemente inseguros, e estabelecer um programa de retorno à
Lua, como preparação para o envio de astronautas a Marte.
Os
dois primeiros itens foram cumpridos com apenas um ano de atraso, em
2011. Restou o terceiro, mais complexo. Isso porque cumprir os dois
iniciais significava acabar com muitos empregos da indústria espacial
que estavam concentrados nas operações dos ônibus espaciais.
Numa
tentativa mal-ajambrada de salvá-los, ficou decidido que o programa de
retorno lunar, o Constellation, desenvolveria dois foguetes lançadores,
Ares 1 e Ares 5, além de uma cápsula (a sobrevivente Orion) e um módulo
de pouso lunar (chamado Altair).
O Ares 1 seria baseado nos
propulsores de combustível sólido que ajudavam os ônibus espaciais a
levantar voo e serviria apenas para levar a Orion até a órbita
terrestre.
Já o Ares 5, gigante, se basearia nos tanques e
motores dos ônibus e serviria para levar o Altair ao espaço, acoplar seu
último estágio à Orion e então impulsionar o conjunto todo à órbita
lunar, no velho estilo Apollo.
Tudo bonito no papel, muito caro na prática.
Em
2009, sob o comando do presidente Barack Obama, os EUA iniciaram uma
nova revisão do seu programa, concluindo que não havia recursos para
tocar o Constellation como originalmente previsto.
A
intenção do novo governante era simplesmente cancelar tudo e apostar em
soluções comerciais, contratando a indústria para desenvolver futuros
veículos. Mas o Congresso, por natureza paroquial, temia pela devastação
dos velhos empregos e conseguiu estabelecer uma solução de meio termo: o
Altair e o Ares 1 morriam. O Ares 5 seria substituído por outro foguete
de grande capacidade, o Space Launch System (Sistema de Lançamento
Espacial), ou SLS, e a Orion seguiria adiante, mas com participação
europeia.
Esperava-se que o SLS (a incorporar, como de fato o
fez, tecnologias dos propulsores sólidos e dos tanques e motores dos
ônibus espaciais) pudesse realizar seu primeiro voo em 2016, a um custo
de desenvolvimento estimado em US$ 10 bilhões. Acabou custando mais que o
dobro disso (US$ 23 bilhões) e só chegou para seu primeiro lançamento
seis anos depois, em 2022.
Durante a gestão Donald Trump, o
programa lunar do qual ele faz parte foi rebatizado de Artemis (a irmã
de Apolo na mitologia grega), com a promessa de levar o próximo homem e a
primeira mulher à Lua. Então foi estabelecida a meta de realizar um
novo pouso lunar em 2024.
Agora, a Nasa já fala em
2026, nas projeções mais otimistas. E isso dependendo do lado comercial
do programa espacial americano, que nasceu tímido com carga (Bush) e
tripulação (Obama), mas agora já começa a se mostrar um caminho
preferencial para o futuro: a Nasa decidiu contratar o módulo de pouso
tripulado para a Lua com a SpaceX, baseado em seu foguete gigante
próprio, o Starship, a um custo fixo de US$ 2,9 bilhões. É um contraste
forte com o custo do SLS.
Notícias ao Minuto
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