Pico no Brasil em agosto e 88 mil mortes: as novas previsões sobre a pandemia
Autoridades de
saúde trouxeram más notícias nos últimos dias para Brasil e Estados
Unidos, países que concentram o pior cenário da pandemia de coronavírus
no mundo.
Mais de 126 mil pessoas já morreram nos Estados Unidos
devido à doença — o maior número de óbitos do mundo. O Brasil vinha logo
atrás, com 58 mil mortos até o dia 30 de junho, segundo dados da
Universidade Johns Hopkins.
Integrantes da Organização
Pan-Americana de Saúde (Opas), braço regional nas Américas da
Organização Mundial da Saúde (OMS), disseram que o
pico da epidemia no Brasil pode ser em agosto e que o país poderia ter
mais de 80 mil mortes até lá - como afinal já ultrapassou antes mesmo de julho terminar..
Nos Estados Unidos, o médico Anthony Fauci, considerado o mais
importante especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos e um
dos principais integrantes da força-tarefa criada pela Casa Branca para
responder à pandemia, disse que o número de casos no
país pode crescer ao ponto de haver 100 mil novos por dia.
Pico no Brasil em agosto
A
Opas estima que, se as condições de combate ao vírus continuarem as
mesmas, o Brasil só atingirá o pico da epidemia em agosto, quando poderá
ter 88,3 mil mortes. A estimativa foi feita com base em modelos
matemáticos que levam em conta uma série de cenários.
A
diretora-geral da Opas, Carissa Etienne, disse, em coletiva de imprensa, que "os números só serão esses se os países não mudarem
suas respostas", disse ela.
Etienne disse ainda que, se países
decidirem abrir suas economias, isso deve ser feito com todas as medidas
de cuidado, especialmente aumentar o número de testes, rastrear
contatos de doentes, garantir o uso massivo de máscaras e a manutenção
do isolamento social.
O diretor do Programa de Doenças Transmissíveis da
Opas, Marcos Espinal, disse que a organização pediu diversas vezes ao
Brasil que aumente a quantidade de teste de coronavírus e que mande uma
mensagem coesa para a população.
"No Brasil, os governadores têm o
poder de implementar as medidas e estão fazendo isso, mas se não há uma
mensagem consistente, a população fica confusa. Estamos muito
preocupados com isso", afirmou Espinal.
O
diretor, por outro lado, elogiou o sistema de saúde do Brasil. "O
sistema de atenção primária no Brasil é um dos melhores da América
Latina e do mundo, e deve ser mais bem aproveitado", disse o diretor.
A
Opas também estima que Argentina, Peru e Bolívia chegarão ao pico da
epidemia em agosto. Já Chile e Colômbia atingiriam o topo da curva em
julho.
A América Latina poderá ter 438 mil mortes por Covid-19
até outubro. As Américas como um todo concentram o maior número de casos
e mortes por Covid-19. Até 29 de junho, a região registrou 5,1 milhões
de casos e mais de 247 mil mortes.
Nos Estados Unidos, casos aumentaram depois de reabertura
O número de casos nos Estados Unidos aumentou em 80% nas últimas duas semanas, segundo cálculos do jornal The New York Times.
Embora
parte do aumento se deva à ampliação na testagem, em algumas áreas
também está aumentando a taxa de testes positivos (ou seja, número de
testes positivos em comparação com o total de testes feitos), o que
indica um avanço na contaminação.
Esse aumento tem sido puxado por
pessoas mais jovens de Estados do Sul e do Oeste do país, onde algumas
cidades já encaram pressão sobre seus sistemas de saúde, que não estão
dando conta do volume de doentes.
A disparada de casos tem
ocorrido especialmente em Estados que reabriram suas economias mais
cedo, como Flórida e Texas, ambos no sul. Isso levou as autoridades a
aumentar as restrições para o funcionamento do comércio novamente.
"Estamos tendo mais de 40 mil novos casos por dia.
Não ficaria surpreso se chegarmos a 100 mil por dia. E por isso estou
muito preocupado", disse Fauci, num pronunciamento ao Senado.
A Flórida tem tido recordes de novos casos quase diariamente desde meados de junho.
O
Estado teve um número total de mais de 132 mil casos, com mais de 3,3
mil mortos. A Flórida é um dos Estados com maior número de brasileiros
nos EUA.
Muitos outros Estados do sul e do oeste tiveram uma
disparada de novos casos quando começaram a flexibilizar as restrições
colocadas em prática por causa da pandemia e quando outras pessoas de
outras regiões do país começaram a chegar.
No início desta semana, Texas, Flórida e Arizona congelaram os planos de reabertura, em um esforço para combater o surto.
Na
sexta-feira, o governador da Flórida, Ron DeSantis, impôs novas
restrições, ordenando que os bares do Estado parem de servir álcool em
suas instalações — embora não esteja claro como as novas medidas
afetariam os restaurantes, informou o Miami Herald.
E no Texas,
que também registrou um número recorde de casos nesta semana, o
governador Greg Abbott disse aos bares para fechar e limitar a
capacidade dos restaurantes em 50%.
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