Práticar sexo na gravidez faz bem, não afeta bebê e até ajuda no parto, segundo os médicos
Dúvidas para desencorajarem as mulheres a fazerem sexo durante a gravidez não
faltam. Será que prejudica a gestação? Acelera o parto normal? Machuca o
bebê? Segundo os médicos, se a gravidez não for de risco, o sexo está
liberado do primeiro ao último trimestre. Transar, além de ser ótimo
para a autoestima, controla a ansiedade, melhora o humor, aumenta a
produção de anticorpos, libera endorfina (um hormônio que gera sensação
de bem-estar e ajuda a ter um sono mais profundo) e fortalece não só a
imunidade, como a musculatura da vagina.
“Como
um exercício leve ou moderado, o sexo ajuda a melhorar o
condicionamento físico e a massa muscular da gestante, tão importantes
no trabalho de parto”, explica o obstetra Daniel Rolnik, do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
E
o melhor: durante a gestação, transar pode ser ainda mais prazeroso. É
que nesse período, aumentam-se os níveis de estrogênio e progesterona
(hormônios femininos responsáveis por preparar o corpo da mulher para a
gestação), como a lubrificação vaginal e o fluxo sanguíneo da região
pélvica, o que predispõe excitações com maior frequência e orgasmos mais
intensos.
Orgasmos e sêmen
Por falar em
orgasmos, saiba que eles liberam ocitocina, um hormônio que desempenha
papéis importantes na gestação, principalmente após o terceiro
trimestre. É que além de reduzir a pressão arterial —que tende a
aumentar nessa fase e se não controlada pode desencadear pré-eclâmpsia—,
a substância induz contrações uterinas para o trabalho de parto.
Mas
calma! Quando a gravidez está no início, essas contrações e mesmo o
endurecimento uterino que elas podem desencadear momentaneamente são
insuficientes para provocar o parto, sendo mais notáveis apenas quando o
útero está dilatado e ao final da gestação.
E, para surtir
resultado, a estimulação tem de ser intensa e durar, no mínimo, uma
hora. “O sêmen também contém uma substância parecida com a ocitocina, a
prostaglandina, que induz o parto, mas só quando o bebê está em vias de
nascer”, explica Rodolfo Favaretto, urologista pelo Hospital São Lucas e
especialista pela SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
O
médico acrescenta que um esperma saudável ejaculado dentro da vagina
não oferece risco algum para o bebê, mas que devem ser tomados cuidados
com higiene e prevenção de DST’s (doenças sexualmente transmissíveis).
“A sífilis, por exemplo, é causada por uma bactéria que consegue
infectar a placenta e o feto, que pode sofrer sequelas e até risco de
vida”, esclarece.
Penetração e posições sexuais
Mesmo
que o canal vaginal seja penetrado com força, o bebê não sente nada.
Isso ocorre porque ele está protegido na cavidade uterina por uma
espessa musculatura, pelo saco gestacional e pelo liquido amniótico que
evitam qualquer contato dele com o pênis, que sequer encosta na parte
externa do colo.
Na entrada do útero existe ainda uma camada
mucosa que mantém o órgão vedado contra bactérias e acaba eliminado pelo
corpo pouco antes do parto.
Já o sexo anal e uso de vibradores
(que devem ser flexíveis para evitar traumas) exigem maiores cuidados e,
de preferência, devem ser evitados. É que a gestante costuma ter a
imunidade um pouco mais baixa do que as demais mulheres e se não houver a
higienização correta na manipulação do aparelho ou durante o contato da
região anal para a vaginal, ela pode sofrer infecções. O risco de
hemorroidas também é alto, ainda mais no final da gravidez.
Quanto
às posições para a realização do ato sexual, a ginecologista, obstetra e
sexóloga Carolina Ambrogini, do departamento de ginecologia da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo), esclarece que, com as mudanças
anatômicas ocorridas ao longo da gestação, é preciso testar variações
que não causem desconforto.
“Até o final da gestação, a maioria
das grávidas se sente mais confortável por cima do companheiro. Deitar
de lado na cama também costuma ser uma posição bastante adotada por
elas, principalmente a partir da 20ª semana, quando a barriga está maior
e não conseguem fazer o ‘papai e mamãe'”, explica.
Quando não transar?
Segundo
Ambrogini, a contraindicação só vale em situações em que há ameaça de
aborto espontâneo; placenta prévia (quando a placenta não se forma no
local correto e fica na parte de baixo do útero, podendo sangrar durante
o ato sexual); infecções graves; rompimento do saco gestacional; ou em
casos específicos de sangramento, hipertensão e parto prematuro. Na
ausência desses problemas, porém, é possível manter relações sexuais até
o final da gravidez.
Algumas grávidas também podem sofrer queda
na libido, principalmente no primeiro trimestre de gestação, mas isso
não deve ser interpretado como um sintoma natural de que é preciso se
abster de sexo.
Segundo Rolnik, o motivo está relacionado às
mudanças corporais que ocorrem por conta da ação dos hormônios e que
também podem provocar náuseas, cansaço e dores nas mamas. Porém, no
segundo trimestre, por conta da estabilização hormonal, o apetite sexual
costuma voltar e pode ser mantido até o dia do parto.
Após o parto, quando voltar a fazer sexo?
Por
causa do período de regressão natural do útero e da cicatrização dos
cortes (no períneo, para facilitar a expulsão do bebê no parto normal e
na barriga quando é feita cirurgia cesariana), a recomendação padrão
para se voltar a ter relações sexuais, em geral, é de pelo menos 40
dias. É um tempo considerado seguro para o organismo se recuperar para
suportar esforços físicos, evitar infecções e a mulher se sentir mais
segura e bem-disposta.
É importante também que, após essa fase, o
casal retome o clima de intimidade e de sedução que havia antes da
gestação. Naturalmente, a mulher pode se ver menos atraente como mãe e
sofrer até mesmo de falta de desejo.
Segundo
os especialistas, isso é comum devido a mudanças hormonais que
contribuem para a produção de leite materno, mas provocam queda de
lubrificação vaginal. A regularização ocorre espontaneamente, com a
volta da menstruação.
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Contraindicação de transar durante a gravidez só vale em alguns casos |
Fonte: UOL - Publicado por: Amara Alcântara
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