PEDRO SE CASA PELA PRIMEIRA VEZ COM A ARQUIDUQUESA LEOPOLDINA DA ÁUSTRIA
Pedro c. 1816, por Jean-Baptiste Debret |
Pedro encontrava prazer em atividades que necessitavam de habilidades
físicas em vez de ficar na sala de aula. Ele treinou equitação na Fazenda Santa Cruz de seu pai, tornando-se um bom cavaleiro e um excelente ferrador. Pedro e seu irmão Miguel gostavam de sair caçando a cavalo através de
terrenos desconhecidos e florestas, às vezes até mesmo de noite e sob
mau tempo. O príncipe mostrava talento para desenho e artesanato, fazendo por conta própria mobílias e entalhando madeira. Além disso, Pedro também gostava bastante de música, transformando-se em um hábil compositor sob a tutela de Marcos Portugal. Tinha uma boa voz para o canto e era proficiente em diversos instrumentos (incluindo piano, flauta e violão), conseguindo tocar canções e danças populares. Pedro era um homem simples tanto em hábitos quanto ao lidar com outras
pessoas. Exceto em ocasiões solenes quando era necessário usar
vestuários elegantes, suas roupas diárias consistiam em calças brancas
de algodão, uma jaqueta listrada também de algodão e um chapéu de palha
com abas largas, ou ainda uma sobrecasaca e cartola para situações mais
formais. Ele frequentemente entrava em conversas com pessoas nas ruas querendo saber sobre seus problemas.
A personalidade de Pedro era marcada por uma vontade enérgica que
beirava a hiperatividade. Era impetuoso com uma tendência para ser
dominador e temperamental. Distraia-se ou ficava entediado facilmente,
entretendo-se com namoricos em sua vida pessoal além de suas atividades
equestres e de caça. Seu espírito inquieto fazia-o buscar aventuras e, certas vezes,
disfarçado de viajante, frequentava tavernas nos distritos de pior
reputação do Rio de Janeiro. Pedro raramente bebia álcool, porém era um mulherengo incorrigível. Seu primeiro caso duradouro conhecido foi com uma dançarina francesa
chamada Noémi Thierry, que teve uma criança natimorta dele. Seu pai, que
em 1816 tornou-se rei João VI com a morte de Maria I, enviou Thierry
para longe a fim que ela não ameaçasse o noivado de Pedro com a
arquiduquesa Leopoldina da Áustria, filha do imperador Francisco I da Áustria e a princesa Maria Teresa da Sicília.
Pedro e Leopoldina casaram-se por procuração no dia 13 de maio de 1817, com ela assumindo o nome de Maria Leopoldina. Esta chegou ao Rio de Janeiro em 5 de novembro, imediatamente se
apaixonando pelo marido, que era muito mais charmoso e atraente do que
fora levada a esperar. Após "anos sob o sol tropical, sua pele ainda era
clara, suas bochechas rosadas". Pedro, então com dezenove anos, era
bonito e um pouco mais alto do que a média, possuindo olhos negros e um
cabelo castanho escuro. "Sua boa aparência", segundo o historiador Neill
Macaulay, "devia-se muito ao seu porte, orgulhoso e ereto mesmo em
tenra idade, e sua preparação, que foi impecável. Habitualmente arrumado
e limpo, ele havia adotado o costume brasileiro de tomar banho
frequentemente". A missa nupcial ocorreu no dia seguinte, com a ratificação dos votos feitos anteriormente por procuração O casal teve sete filhos: D. Maria, D. Miguel, D. João Carlos, D. Januária, D. Paula, D. Francisca e D. Pedro.
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