SEGUNDO FILHO MENINO MAIS VELHO DE JOÃO E CARLOTA JOAQUINA, PEDRO SE TORNA HERDEIRO DO PAI COM O TÍTULO DE PRÍNCIPE
Pedro em 1800, por Augustin Esteve |
Pedro nasceu na manhã de 12 de outubro de 1798 no Palácio Real de Queluz, Portugal. Ele foi nomeado em homenagem a São Pedro de Alcântara
e seu nome completo era Pedro de Alcântara Francisco António João
Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal
Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Desde seu nascimento recebeu o prefixo honorífico de "Dom".
Seu pai era o então D. João, Príncipe do Brasil, com Pedro sendo assim membro da Casa de Bragança. Seus avós eram a rainha D. Maria I e o rei D. Pedro III de Portugal, que eram sobrinha e tio além de marido e mulher. Sua mãe era a infanta Carlota Joaquina, filha do rei Carlos IV de Espanha e sua esposa Maria Luísa de Parma. Os pais de Pedro tiveram um casamento infeliz; Carlota Joaquina era uma
mulher ambiciosa que sempre procurava defender os interesses espanhóis,
mesmo em detrimento de Portugal. Havia relatos de que ela era infiel
com o marido, chegando ao ponto de conspirar contra ele junto com nobres
portugueses insatisfeitos.
Pedro era o segundo filho menino mais velho de João e Carlota Joaquina, o quarto filho no geral, tornando-se o herdeiro aparente de seu pai com o título de Príncipe da Beira em 1801 após a morte de seu irmão mais velho D. Francisco Antônio. João desde 1792 atuava como regente em nome de sua mãe Maria I, que
havia sido declarada mentalmente insana e incapaz de governar. Os pais de Pedro se afastaram em 1802; João foi viver no Palácio Nacional de Mafra enquanto Carlota Joaquina ficou no Palácio do Ramalhão. Pedro e seus irmãos D. Maria Teresa, D. Maria Isabel, D. Maria Francisca, D. Isabel Maria e D. Miguel foram viver no Palácio de Queluz junto com sua avó a rainha, longe dos pais que viam apenas durante ocasiões de estado.
Educação
Pedro c. 1809, por Francesco Bartolozzi |
No final de novembro de 1807, quando Pedro tinha apenas nove anos de idade, o exército francês do imperador Napoleão Bonaparte invadiu Portugal e toda a família real portuguesa fugiu de Lisboa. A corte atravessou o oceano Atlântico até chegar em março do ano seguinte à cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, a maior e mais rica colônia de Portugal. Pedro leu Eneida de Virgílio durante a viagem e conversou com vários membros da tripulação de seu navio, aprendendo noções de navegação. No Brasil, após uma breve estada no Paço Real, Pedro e seu irmão Miguel estabeleceram-se junto com seu pai no Paço de São Cristóvão. Pedro amava o pai, apesar de nunca ter sido íntimo dele, ressentindo a
constante humilhação que João sofria nas mãos de Carlota Joaquina por
causa dos casos extraconjugais dela. Como resultado, quando adulto Pedro abertamente chamava sua mãe de "vadia" e sentia por ela nada além de desprezo. As experiências de traição, frieza e negligência que passou quando
criança tiveram grande impacto na formação de sua personalidade e
caráter quando adulto.
Uma pequena quantidade de estabilidade durante sua infância vinha
da presença de sua aia Maria Genoveva do Rêgo e Matos, quem amou como
uma mãe, e seu aio e supervisor o frei Antônio de Arrábida, que tornou-se seu mentor. Ambos ficaram encarregados do crescimento do príncipe e tentaram lhe
dar uma educação adequada. Seus estudos englobavam uma grande gama de
assuntos que incluíam matemática, economia política, lógica, história e geografia. Pedro aprendeu a ler e escrever em português, além de latim e francês. Também conseguia traduzir textos do inglês e entender alemão. Mais tarde como imperador, Pedro dedicaria pelo menos duas horas de seu dia para ler e estudar.
Apesar da abrangência da instrução de Pedro, sua educação mostrou-se deficiente. O historiador Otávio Tarquínio de Sousa afirmou que Pedro "era sem sombra de dúvida inteligente, astuto [e] perspicaz". Entretanto, o historiador Roderick J. Barman escreveu que tinha uma
natureza "muito efervescente, muito errática e muito emocional". Pedro
permaneceu impulsivo, nunca aprendeu a exercer autocontrole, avaliar as
consequências de suas decisões ou adaptar seu panorama para situações em
mudança. João jamais permitiu que alguém disciplinasse o filho. Este às vezes
contornava sua rotina de duas horas de estudos diários ao dispensar seus
instrutores para poder realizar atividades que considerava como mais
interessantes.
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