domingo, 8 de setembro de 2019

Crises na família imperial

PEDRO ABDICA DA COROA PORTUGUESA E PASSA O TRONO PARA SUA FILHA MAIS VELHA COM A CONDIÇÃO DELA SE CASAR COM SEU IRMÃO MIGUEL

O imperador Pedro I em março de 1826, por Antônio Joaquim Franco Velasco
Portugal acabou assinando o Tratado do Rio de Janeiro em 29 de agosto de 1825 após longas negociações, por fim reconhecendo a independência do segundo. Exceto pelo reconhecimento da independência, as provisões do tratado foram às custas do Brasil, incluindo a exigência do pagamento de reparações financeiras a Portugal, com nenhum outro requerimento ficando por parte da antiga metrópole. A compensação deveria ser paga a todos os cidadãos portugueses residentes no Brasil pelas perdas que tinham passado, como por exemplo propriedades que foram confiscadas. João também recebeu o direito de se intitular Imperador do Brasil. Mais humilhante foi que o tratado implicava que a independência havia sido concedida como um ato beneficente do rei português, ao invés de ter sido compelida pelos brasileiros através da força bruta. Pior ainda, o Reino Unido foi recompensado por seu papel no avanço das negociações ao assinar um tratado separado em que seus favoráveis direitos comerciais foram renovados, além da assinatura de uma convenção em que o Brasil concordava em abolir o comércio de escravos com a África dentro de quatro anos. Ambos os acordos prejudicaram seriamente os interesses comerciais brasileiros.
Pedro recebeu alguns meses depois a notícia de que seu pai havia morrido em 10 de março de 1826, e que sendo assim havia sucedido João no trono de Portugal como Rei D. Pedro IV. O imperador rapidamente abdicou da coroa portuguesa em 2 de maio por saber que uma união pessoal entre o Brasil e Portugal seria inaceitável para os povos de ambas as nações, passando o trono para sua filha mais velha que se tornou a Rainha D. Maria II de Portugal . Sua abdicação foi condicional: Portugal deveria aceitar uma constituição elaborada por ele e Maria casaria-se com seu irmão Miguel. Pedro continuou a agir como rei ausente mesmo com a abdicação e intercedeu em assuntos diplomáticos e internos, como a realização de nomeações. Para o monarca foi no mínimo difícil manter separadas sua posição de imperador brasileiro e suas obrigações de proteger os interesses de sua filha em Portugal.
Miguel fingiu aceitar os planos do irmão. O infante anulou a constituição com o apoio de Carlota Joaquina logo que foi nomeado regente da sobrinha no início de 1828, sendo aclamado como rei com o suporte dos portugueses que eram a favor do absolutismo. Além da dolorosa traição de seu amado irmão, Pedro também teve que suportar a deserção de suas irmãs Maria Teresa, Maria Francisca, Isabel Maria e Maria da Assunção todas para a facção de Miguel. Apenas sua irmã caçula Ana de Jesus permaneceu fiel, posteriormente viajando para o Rio de Janeiro a fim de ficar perto de Pedro. O imperador ficou consumido pelo ódio e começou a acreditar nos rumores que Miguel havia matado João, virando seu foco para Portugal e tentando em vão conseguir apoio internacional pelos direitos de Maria.

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