Mordida de gato pode provocar amputação? Sim, e isso não é raro, o risco é real e frequente
A atriz Daniela Escobar sempre
foi apaixonada por gatos, mas nunca imaginou que uma ‘simples’ mordida
de seu animal estimação poderia provocar o risco de amputação da mão.
O
Gato – assim como foi ‘batizado’ – faz parte da família há cinco anos e,
segundo ela, sempre foi muito dócil. Mas, em um belo dia, a gaúcha
resolveu fazer carinho na cabeça dele enquanto ele dormia profundamente
embaixo da mesa. Assustado e com o intuito de se proteger, o felino
acabou mordendo o dedo da atriz.
“Não
tinha ideia do risco que aquela mordida representa, por isso demorei
dois dias pra ir ao médico”, conta Daniela. “Inicialmente, achei que
fosse só a dor de uma mordida que talvez tivesse acertado um nervo ou o
ossinho do dedo, além do mais nunca tinha sido mordida antes.”
Sem
saber da gravidade, após a mordida, a atriz apenas lavou muito bem a
mão com água, sabonete e água oxigenada para limpar o sangue e a ferida.
Mas a dor foi se intensificando ao logo do tempo.
“Os
dedos ficaram paralisados, duros e roxeados. Eles não fechavam, não
encostavam um no outro e se algo relasse ali via estrelas de todas as
cores. Chorava mesmo. A dor era aguda e intensa, latejava o tempo todo”,
descreve a atriz, que decidiu procurar ajuda médica por insistência de
uma amiga que teria descoberto a possível gravidade do caso em uma busca
na internet.
Dani
buscou a orientação de três médicos diferentes. “O primeiro deles me
disse que se eu tivesse esperado mais dias para procurar ajuda poderia
ter perdido a mão, pois a circulação para e os dedos gangrenam. Fiquei
apavorada, fiquei em observação por cinco dias, indo diariamente para
acompanhamento.”
De
acordo com ela, foram 10 dias de antibióticos e 15 dias de dor intensa.
“O dedo indicador, que foi o mordido, ainda dói, mas já consegui
recuperar os movimentos”, afirma a atriz.
Risco é real e bastante frequente
Para os especialistas entrevistados pelo Yahoo,
a gravidade da mordida de um gato – mas não apenas deste animal
doméstico — é real e bastante frequente. E mais: independentemente se o
bichinho foi ou não vacinado, se é ou não saudável.
Como
explica o infectologista Alexandre Naime, na boca do gato, do cachorro e
de outros mamíferos existe uma bactéria chamada Pasteurella multocida,
que propicia a contaminação da pele após a mordida. “Essa é uma bactéria
com ação patogênica mais agressiva, que tem uma série de mecanismos
intrínsecos de lesão e toxinas que vão destruindo o tecido. E, se a
pessoa demorar a ir ao médico, a lesão pode arruinar o tecido e provocar
a amputação”, relata o especialista. “E as chances de amputação são comuns.”
Não
quer dizer, no entanto, que basta ser mordido por um cachorro ou gato
para ser infectado pela bactéria Pasteurella, como salienta Marinella
Della Negra, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Isso
depende do grau da lesão. Em mordidas e arranhões mais superficiais, as
chances da infeção são menores. Mas, em casos mais graves, 48h podem ser
suficientes para rompimento total do tecido.”
Mas,
segundo Naime, a culpa de uma possível amputação não é do animal. “É da
própria pessoa que negligenciou os riscos e não procurou o atendimento
especializado adequado”, destaca Naime, que ressalta a existência de
muitas outras doenças provocadas mediante a mordida ou o arranhão de
gatos e cachorros. “Pasteurella não é o único problema.”
“Isso
porque qualquer animal pode inocular dentro da ferida bactéria, fungos,
protozoários ou vírus que desencadeiam diferentes infecções, algumas
delas muito graves e que podem levar até a morte, como é o caso da
raiva”, relata o especialista que também cita o risco de se desenvolver a
esporotricose –uma micose provocada por fungos patogênicos do gênero
Sporothrix, que pode afetar vasos linfáticos, a pele e, em casos mais
raros, o pulmão, os ossos, o cérebro ou as articulações – e a
bartonelose.
A bartonelose, mais conhecido como ‘doença da arranhadura do gato’,
é causada pela bactéria Bartonella henselae, que provoca inchaço nos
gânglios que fazem a drenagem do local. “Se arranhou o rosto, os
gânglios do pescoço incham, e se arranhou as mãos, o cotovelo costuma
inchar”, exemplifica Della Negra, que diz ser uma doença bem mais branda
que a Pasteurella.
Fonte: Yahoo Notícias
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