Sem reforma da Previdência, país mergulhará em recessão no 2º semestre de 2020
Ministério da Economia divulgou estudo nesta sexta-feira

© REUTERS/Adriano Machado
MARIANA CARNEIRO - BRASÍLIA ,
DF (FOLHAPRESS) - Projeções feitas pela SPE (Secretaria de Política
Econômica), do Ministério da Economia, indicam que o país pode mergulhar
em nova recessão, na segunda metade do ano que vem, caso não seja
aprovada a reforma da Previdência.
No estudo, divulgado nesta sexta-feira (22), os técnicos
apontam para os riscos de o país entrar em uma nova espiral de
deterioração das contas públicas, o que resultaria no aumento da taxa de
juros e, por consequência, no derretimento do crescimento econômico.
"No
cenário sem reforma da previdência, o crescimento do PIB [Produto
Interno Bruto] em 2019 seria inferior a 1% e o Brasil já entraria em
recessão a partir do segundo semestre de 2020, caminhando para perdas
comparáveis às ocorridas no período 2014 a 2016", afirma a nota da SPE,
referindo-se ao período em que a economia encolheu cerca de 7%.
Em
números, neste ano, a economia cresceria 0,8%, número bastante inferior
à previsão atual dos analistas, de 2,5%. No ano que vem, ficaria em
0,3%, já embicando para o terreno negativo, onde permaneceria até 2023.
Ou seja, três anos no vermelho.
Já com a reforma, diz a nota, a economia poderia crescer 2,9% neste ano e no ano que vem, acelerando para 3,3% em 2023.
A queda do PIB deixa todos os brasileiros mais pobres. Como aconteceu na recessão de 2014-2016, a riqueza per capita encolheria.
A
SPE calculou que, na ausência da reforma da Previdência, cada
brasileiro receberia, em média R$ 2,5 mil a menos por ano até 2023.
As projeções se baseiam no diagnóstico de que o descontrole das contas públicas é a raiz da crise econômica.
A
proposta de reforma da Previdência apresentada nesta semana busca
economizar cerca de R$ 1,1 trilhão nas despesas do governo com
aposentadorias e pensões na próxima década.
Sem a aprovação, o
governo gastará mais e ficará mais endividado. Segundo a nota, isso se
refletirá em taxas de juros mais altas, que os investidores cobrarão
para emprestar ao governo.
Juros elevados, por sua vez, amarram o crescimento econômico, podam o consumo e os investimentos.
A
nota da SPE aponta o risco de a taxa básica de juros (Selic) escalar
dos atuais 6,5% ao ano para 18,5% ao ano em um cenário sem reforma.
Do
outro lado, caso as mudanças no sistema de previdência sejam aprovadas a
Selic poderia até cair para algo em torno de 5,6% ao ano em 2023.
Com o retorno do crescimento mais acelerado, seria possível gerar 1,33 milhões de empregos por ano, calcula a SPE.
Dessa forma, seriam gerados ate 2023 quase 8 milhões de vagas a mais em comparação ao cenário sem realização da reforma.
No cenário negativo, a taxa de desemprego poderia escalar dos atuais 12,3% para 15,1%.
Segundo
o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, o estudo mostra
que o cenário negativo de 2015-2016 pode voltar a acontecer, caso se
opte por deixar a Previdência como está.
"O objetivo é tentar mostrar à sociedade os custos de não aprovar a reforma da Previdência", disse.
Em sua avaliação, a reforma é justa porque gera crescimento econômico e empregos.
"Quando
o desemprego cresce, ele atinge de forma mais rápida as camadas mais
pobres da população. Por isso, ao recuperar o crescimento, ela é
favorável aos pobres".
O secretário reconheceu, contudo, que mesmo
no cenário com reforma, o crescimento é baixo (3,3% em 2023) em relação
ao potencial de expansão da economia após a recessão.
Economistas
como Marcos Lisboa e Delfim Netto já opinaram que as mudanças na
Previdência são relevantes mas não bastam para acelerar o crescimento.
A atividade lenta neste início de ano já fez alguns analistas reduzirem suas projeções de crescimento.
"É algo que está preocupando todos nós, a economia deveria estar
crescendo mais do que está. E o primeiro passo para que isso aconteça, a
condição necessária, é a reforma da Previdência", disse.
Economia ao Minuto
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