Supremo Tribunal Federal manda Andréa Neves, irmã de Aécio, para a prisão domiciliar
Corte também concedeu benefício a Frederico Pacheco de Medeiros, primo do tucano, e a Mendherson Souza Lima, ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG)
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Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, é escoltada por policiais federais na chegada ao Instituto de Ciências Forenses em Belo Horizonte (MG) - 18/05/2017 - (Cristiane Mattos/Reuters) |
Depois de decidir converter em prisão domiciliar a prisão preventiva do ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) estendeu o benefício à jornalista Andrea Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), e ao primo do tucano, Frederico Pacheco de Medeiros.
Como medidas cautelares impostas pelo colegiado, Andrea e Pacheco de
Medeiros deverão, assim como Mendherson, ser monitorados por
tornozeleira eletrônica e entregar seus passaportes.
O placar das decisões que tirarão a irmã e o primo de Aécio
da cadeia é idêntico ao do entendimento que beneficiou Mendherson.
Votaram pela troca da prisão preventiva pela domiciliar os ministros
Alexandre de Moraes e Luiz Fux, enquanto Marco Aurélio Mello concordou
apenas com a imposição de medidas cautelares. Rosa Weber e Luís Roberto
Barroso decidiram pela manutenção do encarceramento.
Presos na Operação Patmos, deflagrada em 18 de maio a partir das delações premiadas da JBS, Andrea Neves e Frederico Pacheco de Medeiros foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República ao STF, ao lado de Aécio, por corrupção passiva e obstrução de Justiça. Na semana passada, a mesma Primeira Turma do STF decidiu, por 3 votos a 2, manter Andrea na prisão.
A jornalista é acusada por ter procurado o empresário
Joesley Batista e pedido a ele 40 milhões de reais. A justificativa dada
por Andrea Neves, segundo o delator, era de que o dinheiro era o valor a
ser pago na compra do apartamento da mãe, no Rio de Janeiro. A
transação para o futuro repasse envolveu Aécio, que, conforme
depoimentos da delação do dono da JBS, teria afirmado que, no caso de
emplacar Aldemir Bendine na presidência da companhia Vale, o próprio
Bendine “resolveria o problema dos 40 milhões pedidos por Andrea Neves”.
As investigações também apontam que foi a irmã de Aécio
Neves quem intermediou o encontro entre o senador afastado e Joesley
Batista, em um hotel em São Paulo, no qual o empresário gravou o tucano
pedindo 2 milhões de reais. Na conversa gravada, Aécio e Joesley
combinam que o valor seria entregue por um intermediário da JBS a
Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred.
“Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se
você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”,
sugeriu Joesley ao tucano. “Tem que ser um que a gente mata ele antes de
fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred
com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar
uma ajuda do caralho”, respondeu Aécio.
Pacheco de Medeiros recebeu o 2 milhões de reais,
fracionados em quatro parcelas de 500.000 reais, das mãos do diretor de
relações institucionais da JBS, Ricardo Saud. A PF filmou três das
entregas de dinheiro na sede da empresa, em São Paulo.
Presidente da Primeira Turma STF, Marco Aurélio Mello
retirou da pauta desta nesta terça-feira o pedido da Procuradoria-Geral
da República para que o senador Aécio Neves seja preso. A decisão foi tomada depois de a defesa do senador afastado apresentar um novo recurso pedindo que o caso seja analisado pelo plenário do STF, formado por 11 ministros, e não pela Turma.
O tucano foi afastado do mandato parlamentar em maio por determinação do ministro Edson Fachin,
mas na época o magistrado rejeitou a prisão preventiva do senador. O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu ao plenário,
pedindo que fosse reconsiderado o pedido de prisão. O novo relator do
caso, Marco Aurélio Mello, pautou o processo para a Primeira Turma, e
não para o plenário, o que motivou a nova contestação.
Na tarde desta terça-feira, Mello decidiu analisar o novo
apelo da defesa para decidir onde este recurso de Aécio será julgado, se
no Plenário ou na Turma. Por consequência, também foi adiado o
julgamento em que Aécio pede para retomar o mandato como senador.
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