Operação Lava Jato pede sequestro de imóveis de filhas do ex-ministro Palocci
Enviada ao juiz Sérgio Moro, manifestação do Ministério Público alega que existem indícios de que apartamentos foram comprados com dinheiro ilícito
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Antonio Palocci, ministro da Fazenda - (Antonio Milena/Exame) |
A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu ao juiz federal Sérgio Moro o sequestro de imóveis da filha e da enteada do ex-ministro Antonio Palocci
(Fazenda e Casa Civil). O petista é acusado pela Procuradoria da
República no Paraná de “possíveis atos de lavagem de dinheiro mediante
aquisição de bens imóveis em favor de suas filhas”.
A manifestação é assinada pelo procurador Januário Paludo.
Segundo ele, o ex-ministro, preso desde setembro do ano passado em
Curitiba, usou recursos ilícitos movimentados em suas contas bancárias
para adquirir dois imóveis “de elevado valor em benefício de Carolina
Palocci e Marina Watanabe”. A defesa do ministro negou ilicitudes nas
transações.
Palocci é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) em duas ações penais por corrupção e lavagem de dinheiro. Em um dos processos, é suspeito de irregularidades na obtenção pela Odebrecht de
contratos de afretamento de sondas para a Petrobrás. No outro, é
acusado de intermediar pagamento de propina supostamente destinada pela
empreiteira ao ex-presidente Lula. O ex-ministro está tentando firmar um
acordo de delação premiada.
Januário Paludo afirmou na manifestação que o petista
declarou doação de 2,9 milhões de reais à filha. “As transferências são
contemporâneas à aquisição, por Carolina Palocci, em 20 de junho de
2014, de apartamento pelo valor de 2,03 milhões de reais”, disse o
procurador a Moro. Para a força-tarefa, “há indícios” de que Antonio
Palocci “promoveu a ocultação de patrimônio ilicitamente obtido mediante
registro de doação”.
Segundo o documento, o ex-ministro, “em operação
semelhante”, adquiriu um imóvel para a enteada Marina Watanabe, filha de
sua mulher. O procurador apontou a Moro que, em 2015, Palocci fez uma
doação de 1,6 milhão de reais para Marina que, no entanto, não chegou a
receber os valores em suas contas bancárias.
Em 11 de fevereiro de 2015, de acordo com a manifestação, o
petista transferiu 1,47 milhão de reais para o proprietário de um imóvel
na capital paulista. “No mesmo dia, foi lavrada escritura de venda e
compra no 13.º Tabelionato de São Paulo do apartamento 32. Consta do
R.06 da certidão do imóvel a venda para Marina Watanabe pelo exato valor
de 1,47 milhão de reais”, afirmou o procurador.
“Havendo indícios de que os bens são produto e proveito de
crimes praticados por Antonio Palocci, bem como sendo estes necessários
para garantir os efeitos da condenação criminal do requerido, o
Ministério Público Federal requer o sequestro dos imóveis”, concluiu
Paludo.
Defesa nega
Os advogados de Palocci, Alessandro Silverio e Bruno Augusto
Gonçalves Vianna, afirmaram, por meio de nota, que ainda não tiveram
acesso à manifestação do procurador com o pedido de sequestro dos
imóveis.
A defesa do ex-ministro negou qualquer irregularidade nas
transações financeiras efetuadas em favor da filha e enteada dele.
“Convém destacar que as doações dos valores usados para a aquisição dos
imóveis foram devidamente declaradas à Receita Federal, o que revela que
ditas aquisições não tinham o intuito de ocultar qualquer vantagem
obtida com um suposto crime anterior”, afirmaram Silverio e Vianna.
De acordo com os advogados, a argumentação do procurador
“parte de uma indevida premissa trazida à tona recentemente, segundo a
qual se presume a ilicitude de todo e qualquer comportamento”.
Veja com Estadão Conteúdo
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