Procurador da República acusa Tribunal Superior Eleitoral de “cegueira”
O
 procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos 
principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato, criticou 
duramente a postura da maioria dos ministros do Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE). Ao comentar uma entrevista feita pela BBC com um 
professor francês sobre corrupção, Carlos Fernando classificou como 
“cúmulo do cinismo” a “cegueira intencional” de integrantes do TSE.
“Deve-se parar de fingir que nada aconteceu”, escreveu em sua página no 
Facebook. “Cinismo é fingir que tudo está superado apenas porque o PT 
saiu do governo. A corrupção é multipartidária e institucionalizada. Ela
 é a maneira pela qual se faz política no Brasil desde sempre. Ou 
acabamos com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil”, emendou.
A crítica do procurador é uma referência direta à manifestação de quatro
 dos sete ministros do TSE contra a inclusão de novas provas 
apresentadas por delatores da Lava Jato no processo que pede a cassação 
da chapa Dilma/Temer. Esse entendimento é defendido pelo presidente do 
tribunal, Gilmar Mendes, pelo ministro Napoleão Nunes Maia e pelos 
ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira – esses dois últimos, 
recém-indicados pelo presidente Michel Temer. Caso prevaleça essa tese, a
 tendência é a corte absolver a chapa e manter o peemedebista na 
Presidência.
Veja a íntegra da mensagem publicada nesta manhã pelo procurador:
“A sucessão de denúncias de corrupção no Brasil só mostra o cúmulo 
do cinismo de nossa classe política, segundo o cientista político 
francês Olivier Dabène. Mas na verdade o verdadeiro cúmulo do cinismo é a
 cegueira intencional da maioria dos ministros do TSE em relação à 
corrupção exposta pelo acordo do MPF com a Odebrecht. Deve-se parar de 
fingir que nada aconteceu. Deve-se parar de desejar a retomada da 
economia, ou pior, a manutenção desse ou aquele partido no poder à custa
 da verdade. Cinismo é fingir que tudo está superado apenas porque o PT 
saiu do governo. A corrupção é multipartidária e institucionalizada. Ela
 é a maneira pela qual se faz política no Brasil desde sempre. Ou 
acabamos com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil.”
O cientista político citado por Carlos Roberto é diretor do Observatório
 Político da América Latina e Caribe da Universidade Sciences Po de 
Paris. Em entrevista à BBC, Olivier Dabène disse que o mundo é amador em
 comparação ao Brasil em matéria de corrupção.
“O caso envolvendo o presidente Michel Temer (investigação após delações
 da JBS) é o cúmulo do cinismo. Temos a impressão de que os políticos 
brasileiros não aprendem. Eles continuam fazendo a mesma coisa. É uma 
maneira instintiva de fazer política. É muito difícil mudar o 
comportamento e as mentalidades”, disse o professor, que já morou no 
Brasil e deu aulas na Universidade de Brasília (UnB).
Congresso em Foco
 
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