Saiba quem é o paraibano de Catolé do Rocha, relator da chapa Dilma-Temer
Aos
59 anos, o paraibano de Catolé do Rocha, Herman Benjamin, virou
protagonista de um dos mais importantes julgamentos do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Alinhado no terno e na gravata - seja no TSE ou seja
no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Herman de Vasconcellos e
Benjamin, há três dias está proferindo o seu voto no processo que pode
afastar o presidente Michel Temer (PMDB) da principal cadeira do Palácio
do Planalto.
Relator do maior processo da história do tribunal, que pode cassar, por
abuso de poder político e econômico, a chapa presidencial composta por
Dilma Rousseff e Michel Temer nas eleições de 2014, Hernan teve que se
debruçar sobre um processo com mais de 8 mil páginas.
No julgamento iniciado na última terça-feira, ele manteve a postura,
firmeza e segurança, mesmo quando entrou em embate com outros ministros
do TSE. Antes de concluir o seu voto histórico, ele teve que analisar e
derrubar algumas preliminares.
Diante dos holofotes, o paraibano travou com o presidente do Tribunal
Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, um verdadeiro “duelo”, expondo
divergências e tentando interferir no desfecho da questão.
Em meio aos embates, protagonizados pelo relator Herman Benjamin, ficou
claro o placar final. Os discursos mostraram m claramente que quatro dos
sete ministros, com o cordão puxado pelo presidente da Corte, Gilmar
Mendes, estão dispostos a sepultar a ação e salvar o mandato do
presidente Michel Temer (PMDB). O paraibano, no entanto, tem demonstrado
grande segurança nos seus argumentos, que sinalizam claramente para o
pedido de cassação. Os ministros Luiz Fux e Rosa Weber devem seguir o
relator.
Para chegar ao TSE, e assumir a relatoria do histórico processo, Hernan
Benjamim precisou deixar de lado causas de direito ambiental e do
consumidor, áreas nas quais é referência, para se debruçar com rotina
quase acadêmica –com inúmeras horas de estudo e levantamento de
detalhes– ao financiamento eleitoral.
Nascido em Catolé do Rocha (PB), município que tem hoje menos de 30 mil
habitantes, Benjamin mudou-se ainda adolescente para Pernambuco, onde
cursou o Ensino Médio. Formou-se em Direito na Universidade Federal do
Rio de Janeiro e fez mestrado nos Estados Unidos.
De 1982 a 2006, integrou o Ministério Público de São Paulo. Dali, foi a
Brasília por indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o
STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Entre os colegas, ganhou fama de ser rígido. Defende suas posições com
vigor em plenário. Há quem diga que prefere evitar embates públicos com
Benjamin.
Não que seja deselegante. Mas as paixões afloram na oratória e, mesmo
que esteja contra a maioria, se sobressai com fortes argumentos.
Benjamin fala espanhol, inglês, francês e alemão.
Na Segunda Turma do STJ, da qual faz parte, é apontado como pró-Estado
em questões do direito público, como as que envolvem indenizações da
União, impostos e improbidade.
Também como pouco suscetível a pressões, reservado e preocupado em
evitar vazamentos dos casos em que atua como relator.
A Operação Acrônimo, seu maior processo no STJ, tem essa marca. Várias
vezes o ministro proibiu que os advogados de quem era alvo de
mandados acessassem os autos.
Solteirão convicto", é a resposta do ministro quando se pergunta seu
estado civil. "Não deixa de ser uma vantagem, porque me dá mais tempo
para trabalhar", complementou. Contou que mantém em dia, sem acúmulos,
os gabinetes do STJ e do TSE, ao qual se soma a corregedoria, em qual
tramita o processo que pode mudar, no curto prazo, os rumos do País.
Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin, 59 anos - fará 60 em novembro
-, saiu de Catolé para o mundo aos 11 anos. O pai, médico formado no Rio
de Janeiro, exerceu a profissão em Catolé e longínquos arredores. O
menino via aquela fila de gente pobre e com fome que o dr. Antônio
religiosamente atendia, de graça, entre cinco e seis da manhã. Ouvia
muito rádio, também, principalmente as transmissões em português das
estações estrangeiras que sintonizava, em ondas curtas: Voz da America,
BBC de Londres, rádio Moscou e rádio Tirana. "Pegavam melhor que a rádio
Cajazeiras", contou, saudoso.
O pai queria que fosse médico, mas acabou advogado, formado na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1980. Dois anos depois,
concursado, entrou para o Ministério Público de São Paulo, onde ficou
por 24 anos. Ralou como promotor em pequenas comarcas, e, depois, na
capital.
PB Agora
Nenhum comentário:
Postar um comentário