Polícia Federal cumpre mandados na JBS e irmãos Batista podem ser presos
Publicado por: Ivyna Souto
Três semanas após a homologação da delação premiada que empareda o 
governo Michel Temer, as empresas da família de Joesley Batista são 
alvo, na manhã desta sexta-feira, de uma operação da Polícia Federal que
 investiga ganhos que o grupo teve no mercado com informações 
privilegiadas sobre a colaboração firmada com a Procuradoria-Geral da 
República.
A ação foi deflagrada pouco depois das 10 horas da manhã. Os agentes 
estão na sede da JBS e também da FB Participações, outra empresa 
controlada pela família. Os investigadores apuram se os controladores do
 conglomerado obtiveram lucros com a compra de dólares e a venda de 
ações do grupo às vésperas de virem a público informações sobre a 
delação premiada.
Estima-se que, apenas com operações de câmbio, o grupo tenha lucrado 
mais de 600 milhões de reais horas antes do vazamento das primeiras 
informações sobre a delação premiada. As transações também são 
investigadas pelo Banco Central, como informou a última edição de VEJA.
A investigação busca provas de que as transações foram planejadas a 
partir da informação privilegiada sobre o acordo: a suspeita é de que, 
sabendo que a revelação da delação mexeria com o mercado, os 
controladores do grupo se articularam para ganhar dinheiro, comprando 
dólares e se desfazendo de ações que, sabidamente, perderiam valor nas 
horas seguintes.
O desenrolar do caso tem potencial para colocar em xeque o destino 
dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que no acordo firmado com a 
Procuradoria obtiveram o compromisso de não ser penalizados e o direito 
de morar no exterior – tão logo foram os fechados os termos da 
colaboração, Joesley Batista, por exemplo, mudou-se para Nova York.
Se comprovadas as suspeitas, os empresários podem ser presos, uma vez
 que eventuais crimes cometidos nos negócios feitos às vésperas da 
delação não estariam abarcados no acordo de colaboração.
A
 delação premiada Joesley Batista, de seu irmão Wesley e de alguns dos 
principais executivos da companhia deu origem à maior crise do governo 
de Michel Temer. Em março, Joesley gravou secretamente uma conversa com o
 presidente, no Palácio do Jaburu.
Entre os temas tratados no encontro estavam pagamentos feitos pelo 
empresário ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador de mercado Lúcio 
Bolonha Funaro, que ameaçam contar segredos capazes de comprometer o 
governo Temer e a cúpula do PMDB. Joesley também relatou a Temer sua 
estratégia para barrar investigações que miram o grupo – entre as 
providências, estavam pagamentos a um procurador da República.
A partir das revelações da delação, Michel Temer virou alvo um 
inquérito no Supremo Tribunal Federal. Ele é o primeiro presidente da 
República investigado, no exercício do cargo, por corrupção passiva, 
obstrução de Justiça e organização criminosa.
Veja
 
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