Marcelo Rezende desiste de quimioterapia e se entrega a tratamento alternativo
Novo tratamento consiste em matar câncer "de fome"

O apresentador Marcelo Rezende, 65 anos, desistiu de fazer
quimioterapia, considerado o tratamento mais eficiente no combate ao
câncer. Segundo uma pessoa muito próxima ao jornalista, que pediu
anonimato, Rezende está animado com um tratamento alternativo, baseado
na alimentação.
Difundida no Brasil pelo cardiologista, nutrólogo e autor de livros de
autoajuda Lair Ribeiro, a dieta que Rezende está seguindo é rica em
proteínas e gorduras. Sem carboidratos, visa "matar as células de fome",
reduzindo o fornecimento de glicose.
De acordo com os princípios da dieta cetogênica propagada por Ribeiro,
as células cancerígenas só gostam de açúcares e não se alimentam de
outra coisa. Cortar o consumo de glicose, portanto, faria os tumores
regredirem.
Rezende enfrenta um câncer no pâncreas e no fígado. O anúncio foi feito
em uma entrevista ao Domingo Espetacular, da Record, em 14 de maio, uma
semana após ele se afastar do comando do Cidade Alerta. "Eu não tenho
medo da morte. Tem gente que tem, mas eu não. Porque o homem que tem fé
não tem medo, ele sabe que vai vencer", disse ele na entrevista.
O jornalista parou de fazer quimioterapia logo após revelar a doença
publicamente. Como o tratamento tem muitos efeitos colaterais, é normal
que seja realizado em ciclos, com até três semanas de descanso após sete
dias de químio. Rezende completou o primeiro ciclo, mas não voltou após
o descanso. A amigos, diz que não voltará a fazer químio, que prefere
se arriscar num tratamento alternativo.
Nos últimos 30 dias, o apresentador do Cidade Alerta foi algumas vezes à
região de Juiz de Fora, em Minas Gerais. A última viagem foi ontem
(11). Na estrada, ele postou um vídeo em uma rede social dizendo que vai
iniciar a terceira etapa de seu tratamento.
"Estou indo para o que eu chamo de 'Farmácia de Deus', um local onde
estou sendo acolhido, cuidado e, mais do que isso, caminhando no sentido
da cura", disse, visivelmente abatido e aparentemente mais magro.
"Não adianta você curar o físico sem ter à frente o espiritual. E eu
cuido muito do lado espiritual, porque quem está fazendo essa travessia
da cura é Deus, é Ele quem me conduz", afirmou o apresentador.
Antes, em 23 de maio, Rezende já havia publicado outro vídeo na
estrada, ao lado do apresentador Geraldo Luís, seu amigo pessoal, e da
filha Patrícia Andriessen, que mora na Holanda mas veio para o Brasil
para ficar com o pai.
Na mensagem, ele anunciava que ia começar a busca pela cura espiritual:
"Nós vamos ficar a semana inteira em oração, pedindo a Deus que nos
abençoe. Eu agradeço o tanto que vocês estão orando por mim, é isso que
me deixa forte para seguir em frente".
Uma semana antes, o apresentador fez um retiro espiritual, no qual
ficou sete dias "apenas em oração, leituras de textos sagrados e
reflexões sobre a vida". "Só não fiz jejum porque as drogas que me
aplicam mais parecem que vão me matar do que me salvar", desabafou, em
outra gravação.
Há cinco dias, Geraldo Luis postou uma foto na internet do livro
Anticâncer - Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais, do médico
francês David Servan-Schreiber (1961-2011).
Na obra, o autor conta a própria história: diagnosticado com câncer no
cérebro, seguiu o tratamento com químio e radioterapia, que fizeram o
tumor regredir. Porém, com a reincidência da doença, buscou tratamentos
alternativos, com mudanças alimentares e de hábitos de saúde.
O livro de Servan-Schreiber segue muitos dos preceitos de Lair Ribeiro
adotados por Marcelo Rezende nessa nova fase, inclusive a sugestão de
cortar açúcar e carboidratos da dieta e iniciar o hábito de meditação.
O francês, no entanto, pregava que os tratamentos alternativos não
poderiam substituir a medicina tradicional, mas complementá-la. Ou seja,
Rezende deveria continuar o tratamento quimioterápico e aliá-lo à nova
alimentação e às preces.
Taxa de mortalidade é alta
Mesmo se seguisse com a quimioterapia, Marcelo Rezende teria uma batalha difícil pela frente. O câncer no pâncreas é considerado um dos tipos mais agressivos. "É difícil diagnosticar a doença nos estágios iniciais e a probabilidade de metástase é grande", explica o médico Lucas dos Santos, oncologista do BP Mirante.
Santos diz ainda que a sobrevivência de pacientes com câncer no pâncreas é pequena. "Mesmo com diagnóstico precoce, no estágio 1, a taxa é de mais de 80% de mortalidade em até cinco anos", revela.
Taxa de mortalidade é alta
Mesmo se seguisse com a quimioterapia, Marcelo Rezende teria uma batalha difícil pela frente. O câncer no pâncreas é considerado um dos tipos mais agressivos. "É difícil diagnosticar a doença nos estágios iniciais e a probabilidade de metástase é grande", explica o médico Lucas dos Santos, oncologista do BP Mirante.
Santos diz ainda que a sobrevivência de pacientes com câncer no pâncreas é pequena. "Mesmo com diagnóstico precoce, no estágio 1, a taxa é de mais de 80% de mortalidade em até cinco anos", revela.
Como o caso de Rezende já inclui metástase para o fígado, o
apresentador está no estágio 4, o mais avançado. Assim, a taxa de
sobrevivência cairia para menos de 5%. "Isso não significa que ele está
desenganado. Temos pacientes com a doença controlada a longo prazo,
embora não falemos em uma cura. Mas o jogo não termina enquanto não
chega o apito final", compara.
Santos não critica o uso de tratamentos alternativos, como meditação e
dieta cetogênica, mas ressalta que eles devem ser feitos juntamente com a
quimioterapia. "Não existem provas contundentes de que esses métodos
tenham resultado no tratamento do câncer no pâncreas. Mas, como também
não faz mal nenhum ao paciente, você não proíbe. Apenas não recomenda
com o mesmo afinco com que indica a quimioterapia", explica.
UOL
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