Disfunção erétil pode surgir como consequência dos danos causados pelo novo coronavírus, dizem especialistas
Os dados disponíveis sobre a relação entre a Covid-19 e a disfunção erétil permitem dizer que ela é possível, mas ainda faltam estudos para que os mecanismos sejam totalmente conhecidos

© iStock
EVERTON LOPES BATISTA
SÃO
PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A dificuldade para manter uma ereção foi
adicionada à lista de possíveis sequelas da Covid-19. Segundo
especialistas, o distúrbio pode acontecer como consequência da ação
direta do vírus nos vasos sanguíneos ou da ansiedade e da depressão que a
doença deixa para trás quando o evento é muito traumático – com longas
internações e dificuldades para recuperação da saúde.
Os
dados disponíveis sobre a relação entre a Covid-19 e a disfunção erétil
permitem dizer que ela é possível, mas ainda faltam estudos para que os
mecanismos sejam totalmente conhecidos.
Depois de
mais de um ano dentro da pandemia, os especialistas veem a Covid-19 hoje
como uma doença sistêmica, com consequências espalhadas pelo corpo que
podem durar após a infecção aguda. Um estudo realizado com quase 4 mil
pessoas que tiveram a Covid-19 identificou mais de 200 sintomas da
chamada Covid longa, que permanece após a infecção aguda. O artigo foi
publicado nesta semana na revista científica The Lancet.
Ainda
em 2020, um grupo de cientistas alertou para a possibilidade de que
algumas pessoas poderiam sofrer, em algum nível, perda de função sexual,
especialmente pelo potencial de dano ao endotélio (tecido que reveste
os vasos sanguíneos). Como a Covid pode agravar doenças
cardiovasculares, o risco do surgimento de disfunção erétil também
cresce, escreveram os cientistas em um artigo no periódico científico
Journal of Endocrinological Investigation.
Em maio deste ano,
um grupo de pesquisadores da Escola Miller de Medicina, ligada à
Universidade de Miami, nos Estados Unidos, mostrou que o coronavírus
Sars-CoV-2 pode ser encontrado no pênis mesmo após a doença. Na revista
científica The World Journal of Men's Health, os cientistas afirmam que
os danos causados pela Covid nas células do endotélio podem contribuir
para a disfunção erétil.
"É uma condição que pode ocorrer por
uma conjunção de fatores após a Covid", afirma o urologista Marco Lipay,
doutor em urologia pela Unifesp e titular da Sociedade Brasileira de
Urologia. O médico conta que tem recebido pacientes que se queixam da
dificuldade de manter ereção após a infecção pelo coronavírus.
"O
paciente pode ter um processo inflamatório na microcirculação que
resulta em falha de ereção; mas há ainda outros fatores, como alteração
no olfato (que está ligado ao estímulo sexual) ou inseguranças que
aparecem com a condição física ainda um pouco debilitada e que
compromete a performance sexual", diz o médico.
A boa notícia é
que o distúrbio não parece ser permanente, de acordo com Lipay. Segundo
o médico, o tratamento com remédios para ereção (como sildenafila e
outros) tem dado bons resultados. Para alguns pacientes, porém, o
tratamento deve incluir hormônios e acompanhamento de outros
especialistas, como psicólogos, nutricionistas e educadores físicos.
Se a condição é detectada,
Lipay diz que um urologista deve ser procurado o quanto antes.
"Postergar o tratamento vai tornar difícil a busca por uma solução. É
melhor fazer o diagnóstico e tratar cedo do que esperar que maiores
inseguranças apareçam", conclui o urologista.
Notícias ao Minuto
Nenhum comentário:
Postar um comentário