Procuradoria Geral da República destaca esforço ‘hercúleo’ do GAECO e diz que liminar do Superior Tribunal de Justiça põe em xeque credibilidade do Judiciário
O
pedido de suspensão de liminar da Procuradoria Geral da República (PGR)
contra decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que concedeu
liberdade ao ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), no âmbito da Operação
Calvário, destaca o trabalho ‘hercúleo’ do Grupo de Atuação Especial
contra o Crime Organizado da Paraíba, o GAECO, no desmantelamento da
‘organização criminosa’ investigada no âmbito da Operação Calvário. O
documento, assinado pelo Vice-Procurador-Geral Eleitoral Humberto
Jacques de Medeiros, opina que a liberdade do ex-governador coloca em
xeque a credibilidade do Judiciário.
O
recurso enviado ao STF contém parte das considerações feitas pelo
Ministério Público Federal (MPF) ao STJ ao pedir a manutenção da prisão
preventiva do ex-governador e de outros investigados na Calvário. “Houve
uma reação institucional, adequada e proporcional do Poder Judiciário e
do Ministério Público do Estado da Paraíba, em um esforço hercúleo de
imposição da ordem jurídica sobre a ordem criminosa que se adonara do
governo paraibano, e que foi desvelada pela atuação do sistema de
justiça fora do Estado paraibano”, descreve o procurador.
No
recurso, Jacques argumenta que os atos judiciais liminares concedidos
pelo STJ padecem de ‘vícios graves’ associados e cria ‘situação
teratológica’ que coloca em xeque o trabalho do Poder Judiciário. Ele
aponta como um desses vícios, “a contradição grave e sem solução pronta
entre decisões coetâneas (e quase simultâneas) de Ministros do Superior
Tribunal de Justiça, no recesso judiciário, examinando a legalidade de
um mesmo ato, o que “expõe a credibilidade do Judiciário pela
incoerência evidente entre julgados e a resistência a sua pronta
superação”, diz.
Ainda conforme o
documento, a liberdade dos integrantes da organização criminosa
investigada demonstra para a sociedade paraibana, testemunhas,
colaboradores e demais agentes da persecução penal a aparente
insuficiência ou impossibilidade da ordem pública.
Ao
argumentar pela retomada das prisões preventivas pleiteadas pelo MPF,
Humberto Jacques faz um questionamento. “Qual é a ordem pública vigente
no Estado da Paraíba? A que o Tribunal de Justiça paraibano protege ao
isolar cautelarmente do convívio social o ex-governador que comanda uma
organização criminosa e seus mais graduados comparsas? Ou a ordem
criminosa que se apropriou de recursos públicos, de estruturas de
serviços públicos estatais, de contratos públicos, e cargos de governo e
que, com esse modo de operação, assegura poder político fortíssimo?”,
pergunta.
A
Operação Calvário investiga o desvio de mais de R$ 134 milhões nas
pastas da saúde e educação da Paraíba. Além de Coriolano Coutinho, irmão
do ex-governador, permanecem presos preventivamente, o
ex-procurador-Geral do Estado, Gilberto Carneiro, o
ex-secretário-executivo de Educação, Arthur Viana e o ex-secretário de
saúde do Estado, Waldson de Souza.
O que diz a defesa
Por
meio de nota, a defesa de Ricardo Coutinho informou que acredita na
manutenção da liminar que garante a liberdade do ex-governador. Na visão
da defesa, o Ministério Público deveria recorrer ao STJ e não ao STF e
classifica como ‘inadequada’ a suspensão da liminar. Leia a seguir.
Acreditamos na manutenção da liminar. Qualquer insatisfação do MP com a decisão deve ser discutida no próprio STJ, sob pena de supressão de instância. A suspensão da liminar, que é uma medida de natureza excepcional, é manifestamente inadequada à presente situação.
Para ler a suspensão da liminar solicitada pelo MPF ao STF, clique no link abaixo.
Suspensao liminar – paraiba stf – inicial.pdf (4)
Fonte: Polêmica Paraíba - Publicado por: Felipe Nunes
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