O Instituto Lula era uma romaria de empresários, diz Marcelo Odebrecht em depoimento
O
 empresário Marcelo Odebrecht disse na última segunda-feira, 7, que “o 
Instituto Lula era uma romaria de empresários”. Em depoimento à Justiça 
Federal, no âmbito de ação penal em que o ex-presidente é réu por 
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência, 
Odebrecht declarou que, após a saída de Lula da Presidência, “havia sim 
um descontentamento enorme da classe empresarial em relação ao rumo que 
estava tomando o governo Dilma”.
 Segundo Odebrecht, era “extremamente difícil” de lidar com Dilma. “Essa
 a avaliação de todos. Esses empresários, entre os quais, meu pai, não 
cansavam de ir até Lula para tentar ver se ele influenciava ela (Dilma) 
de alguma maneira.”
O empresário foi 
ouvido em uma Vara Federal de Osasco (Grande São Paulo), por meio de 
vídeo conferência. O processo, sobre negócios em Angola, na África, 
tramita na 10.ª Vara Federal de Brasília.
O
 juiz Vallisney Oliveira perguntou a Marcelo Odebrecht. “Os senhores utilizavam o 
ex-presidente Lula para fazer algum pedido ao governo da ex-presidente 
Dilma? Ele (Lula) trabalhava, entre aspas, pela empresa?, fazia algum 
favor para a empresa junto ao governo? Aqui (no processo) tem um crime 
de tráfico de influência. O semhor como colaborador o que pode dizer sobre 
isso?”
“A maior dificuldade que tinha
 com a presidente Dilma era, por exemplo, no nosso caso, o projeto do 
etanol que o presidente Lula incentivou a Odebrecht entrar e, depois, a 
presidente Dilma fez várias medidas que foram contra”, respondeu o 
empresário. “Então, tinha sim, nós, empresários, recorríamos a Lula para
 tentar influenciar Dilma porque entendíamos que os rumos do governo não
 estava sendo dos mais adequados.”
Odebrecht reiterou que “o Instituto Lula virou uma romaria de empresários”.
“Mas
 eu não diria que nesse processo foi feito nada de ilícito, era uma 
coisa normal de um presidente que saiu e que colocou a sucessora dele.”
O juiz insistiu. “E por que o sr. se utilizava do ex-presidente?’
O empresário começou a responder. “Excelência, a percepção que existia em todo o meio empresarial…”
O
 juiz interrompeu e retomou a palavra. “Quero entender porque (o 
processo) é um tráfico de influência. Tem que ter alguma promessa do réu
 nesse caso específico.”
“Nesse caso 
específico não me lembro de nada, a gente pode ter pedido para ele 
reforçar lá alguma coisa. Acho que é normal, a gente fazia isso com os 
presidentes quando viajavam, presidentes e ex-presidentes, nós 
atualizávamos eles o que estávamos fazendo nesses países, lobby positivo
 a favor das empresas.”
Ainda ao ser 
indagado sobre palestras relativas ao Instituto Lula, Odebrecht 
explicou. “Soube que houve um combinado do meu pai com Lula, ou 
Alexandrino (Alencar, executivo do grupo), não sei ao certo, para se 
fechar algumas palestras. Assim como soube que várias outras empresas no
 Brasil e no exterior contrataram o presidente Lula para fazer 
palestras. Qual foi a motivação que meu pai contratou essas palestras, 
acho mais correto escutar diretamente dele.”
Odebrecht
 seguiu. “Havia duas razões: havia intenção de ajudar o Instituto Lula, 
como ajudamos o Instituto FHC. O presidente Lula era pessoa que tinha 
imagem bastante positiva em vários países em que a gente atuava. Ao 
contratar ele para umas palestras não deixara de ser um trabalho de 
relações públicas.”
O empresário ressaltou que avisou o 
ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma)
 que R$ 15 milhões foram reservados a Lula e que esse valor sairia da 
“Planilha Italiano” – fluxo de dinheiro da empreiteira para o PT e para o
 Instituto. Ele disse que o dinheiro das palestras seria descontado da 
planilha, sem avisar Lula.
“No nosso entendimento, Instituto Lula fazia parte do projeto político do PT.”
Fonte: Noticias ao minuto - Publicado por: Suedna Lima
 

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