FUGINDO DO ESCÂNDALO COM LARANJAS: ‘Bolsonaro não tem mais nenhuma relação com o PSL’, diz presidente do partido
O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), disse nesta quarta-feira, 9, considerar que o presidente Jair Bolsonaro já decidiu pela saída do partido.
“Quando
ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já
esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL”,
afirmou o dirigente partidário ao Broadcast Político/Estado.
Na
terça, Bolsonaro disse a um apoiador que se identificou como
pré-candidato pela legenda no Recife para que ele esquecesse o partido
e afirmou que Bivar “está queimado para caramba”. O presidente, segundo apurou o Estado, avalia deixar a legenda. Seria a nona troca de sigla de Bolsonaro.
Bivar disse não entender o que motivou o presidente a dar tais declarações. “Ontem (terça) mesmo eu recebi um convite para ir a uma cerimônia no Palácio do Planalto e tinha um jantar marcado com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Então, não vi indicativos nenhum”, disse.
Para
ele, a intenção do presidente ao atacar o PSL é mostrar que não tem
envolvimento com denúncias sobre irregularidades envolvendo a
candidaturas de mulheres que teriam sido usadas como “laranjas” para
obter recursos públicos. “Acho que ele quis sair porque tem preocupação
com as denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas”,
afirmou Bivar.
Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por irregularidades envolvendo candidaturas de mulheres nas eleições de 2018. Antônio presidia o PSL mineiro à época.
Cálculo político
Outro
fator apontado pelo presidente do PSL para justificar o ataque de
Bolsonaro à legenda seria um cálculo político do presidente para
garantir a sua reeleição. “Ninguém é eleito presidente sem ter acertos.
Como ele vem em um processo de reeleição, talvez ele saiba qual é o
melhor caminho a ser seguido. Espero que ele tenha sucesso”, disse.
Embora
ainda não tenha definido o seu destino, Bolsonaro avalia vários
cenários políticos e deseja um partido que possa controlar, para
impulsionar sua candidatura à reeleição, em 2022. A União Democrática
Nacional (UDN) já pediu registro como partido no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e quer que o presidente se filie à sigla.
A saída de Bolsonaro pode provocar uma debandada no PSL. Dirigentes do partido ouvidos pelo Estado afirmam
que o presidente pode levar consigo até 15 dos 53 deputados federais,
além de dois dos três senadores – Flávio Bolsonaro (RJ) e Soraya
Thronicke (MS).
Bivar, no entanto, afirma não se preocupar com um
eventual esvaziamento da legenda. “Redução ou aumento da bancada não
representa nada, o importante é manter a nossa linha de conduta e
dignidade”, afirmou.
Ele diz ainda que as bancadas no Congresso
continuarão apoiando as pautas do governo. “Nenhuma turbulência vai
alterar o comportamento do partido”, disse.
Questionado sobre se
pretendia procurar Bolsonaro para conversar, Bivar afirmou não ver
motivos para procurá-lo agora. “Tenho que respeitar a posição dele, não
vou ser invasivo ou inconveniente”, afirmou.
Fonte: O Estado de S.Paulo - Créditos: Mariana Haubert - Publicado por: Ivyna Souto
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