Astrônomos apresentam a primeira imagem de um buraco negro já registrada
A
primeira imagem já captada de um buraco negro foi apresentada nesta
quarta-feira (10) em um evento organizado pela Fundação Nacional de
Ciência, dos Estados Unidos, e representantes do projeto ‘Event Horizon
Telescope’ (EHT), uma rede de radiotelescópios espalhados pelo planeta.
Os
buracos negros são aglomerados com uma enorme massa de matéria
concentradas em um volume reduzido, o que leva à distorção do
espaço-tempo. A teoria geral da relatividade de Einstein previa que a
gravidade é resultado dessa curvatura e qualquer estrela ou fóton que
passasse perto do buraco negro seria capturado pela gravidade. Daí veio o
nome: um local no espaço que ‘engole’ tudo que passa, até a luz. A
divulgação da imagem é considerada um marco na astrofísica.
O
buraco negro está no centro da galáxia M87, a cerca de 50 milhões de
anos-luz da Terra, segundo os responsáveis pelo projeto internacional.
Ele tem 40 bilhões de quilômetros de diâmetro – cerca de 3 milhões de
vezes o tamanho de nosso planeta – e é descrito pelos cientistas como um
“monstro”.
A captação da imagem foi possível ao se observar o
disco de acreação, um tipo de estrutura formada pelo movimento orbital
ao redor de um corpo central, como se fosse água em um ralo. Perto do
buraco negro, a formação do disco fica tão quente que brilha, emitindo
luz (leia mais abaixo).
No fim do ano passado, pesquisadores
anunciaram a confirmação da teoria da relatividade ao estudar uma
estrela orbitando um buraco negro. Mas essa é a primeira vez que se
observa um buraco negro diretamente.
Paul McNamara, astrofísico da
Agência Espacial Europeia e cientista de projeto da missão Lisa, disse à
agência France Presse que a captação da imagem é uma “façanha técnica
excepcional”.
O
anúncio foi feito em entrevistas coletivas simultâneas em Washington,
Bruxelas, Santiago, Xangai, Taipé e Tóquio, informou a Reuters.
Como foi feita a imagem?
O
projeto ‘Event Horizon Telescope’ (EHT) é formado por uma rede de
radiotelescópios espalhados pelo planeta (veja no mapa abaixo).
Combinando
esses observatórios por meio de uma técnica chamada interferometria, os
astrônomos puderam reproduzir um observatório virtual do tamanho da
Terra, com o qual “um jornal aberto em Paris poderia ser lido de Nova
York”, disse Frédéric Gueth, astrônomo e vice-diretor do Instituto de
Radioastronomia Milimétrica (IRAM) na Europa, que participou da
pesquisa.
“Como sabemos que os buracos negros existem? Pensamos, é
claro, em um buraco negro como algo muito escuro. Mas a massa que ele
suga forma um chamado disco de acreção, que fica tão quente que brilha e
emite luz”, explica McNamara.
É essa a luz captada na imagem feita em combinação com os telescópios.
Fonte: G1
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