Viúva de músico morto pelo Exército no Rio de Janeiro diz que militares riram após tiros
Luciana
Oliveira, enfermeira que perdeu o marido, o músico Evaldo Rosa dos
Santos, 46, neste domingo (07), após o carro da família ser alvejado por
80 tiros de uma equipe do Exército, disse que os militares deram risada
após o incidente, em Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro.
“Eles
riram. Chamei eles de assassinos e eles riram. Debocharam. Essas
pessoas têm que pagar, principalmente pelo deboche. Eles debocharam o
tempo todo. Vocês não sabem o que estou sentindo, não desejo isso para
ninguém”, disse Luciana.
A enfermeira afirmou que a ação dos militares foi repentina, quando a família ia para o chá de bebê de uma amiga.
“Não
teve confronto nenhum. Estávamos cantando e escutamos um estilhaço. O
sangue espirrou em mim. Meu filho não sabe e está perguntando do pai”,
disse Luciana.
Cunhado de Evaldo, Leandro Rodrigues ainda disse
que o músico conseguiu salvar a família após ser atingido por um tiro
nas costas.
“Ele sentiu o tiro por trás e ainda conseguiu virar o
carro, para salvar o David e a família, que estavam no banco de trás”,
afirmou o cunhado, que estava com o laudo feito pelo Instituto Médico
Legal nesta segunda-feira (08).
Leandro
disse que estava em casa por volta de 16h00 quando ficou sabendo da
tragédia, que ocorreu por volta de 14h00. “Vi pela internet. Pelo que
fiquei sabendo, eles tinham ordem para atirar em um carro branco”,
apontou.
Luciana e David conseguiram escapar do tiroteio, que
continuou após um homem tentar socorrer Evaldo, segundo a enfermeira.
Uma amiga da família também estava no veículo e se salvou.
“Um
moço veio socorrer e deram tiro nele. Deram muito tiro. Vieram ao nosso
encontro. Meu marido não era bandido. Esperaram a gente passar e
começaram a atirar. Abrimos a porta, meu padrasto foi socorrer e
atiraram mais”, disse o cunhado.
“Nós
vimos eles [militares] antes. A polícia e os militares têm que
proteger, como vão fazer isso? O que eu vou falar para o David? Perdi o
pai do meu filho, por quem devia proteger a gente”, afirmou.
Fonte: Folha de S.Paulo - Publicado por: Gerlane Neto
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