CARTA AO PAI DO GAROTO BERNARDO LEVA INTERNAUTAS ÀS LÁGRIMAS
Começou na última segunda-feira (11), no Rio Grande do Sul, o
julgamento dos quatro acusados do assassinato do menino Bernardo
Uglione Boldrini.
Bernardo Boldrini, desapareceu em abril
de 2014, na época com 11 anos de idade. O corpo da criança foi
encontrado dez dias depois enterrado em um matagal em Frederico
Westphalen, a 80 quilômetros de Três Passos, onde ele morava.
A madrasta Graciele Ugulini, foi
apontada como autora do crime, com a participação da amiga Edelvânia,
que teria chamado o irmão Evandro para fazer a cova, e tendo o próprio
pai de Bernardo, Leandro Boldrini como mentor do crime.
O jornalista e escritor Fabrício
Carpinejar fez uma carta ao pai de Bernado, ainda na época do crime, que
voltou a viralizar nas redes sociais, agora com o início do julgamento.
Leia a carta na íntegra:
“Não posso nem chamá-lo de caro ou prezado, mas apenas usar seu nome: Leandro. Educação e respeito vão soar como cinismo.
Tampouco posso chamá-lo pelo sobrenome
para indicar formalidade. Perdeu o direito do sobrenome. Seu filho
pequeno está enterrado em seu sobrenome para sempre. Ele carregava seu
sobrenome, você não soube carregar coisa alguma dele.
Tenho enfrentado vários pesadelos desde que ouvi a notícia de que seu menino de 11 anos fora morto pela madrasta.
Que seu menino foi posto numa cova às
margens de um rio em Frederico Westphalen (RS) e poderia estar ainda
vivo. Coberto pela terra quando deveria ser coberto pelo edredon para
não passar frio de noite.
Seu filho foi enganado. Toda a vida
enganado. Toda a vida humilhado. Na hora de seu fim, aceitou o passeio
para longe de Três Passos porque jurava que receberia uma televisão.
Quando seu menino acordar dentro da
morte, ele vai chamá-lo. Assim como toda criança chama seu pai quando
tem medo do escuro. Vai chamá-lo e onde estará?
Ele acreditava que você era o herói dele. Estava exagerando para pedir que o salvasse, não entendeu o apelo?
Você nem pai foi. Nem homem foi. Você foi o que restou.
Como médico, não acha Bernardo uma criança um pouco grande para fazer um aborto?
O que dirá para irmãzinha dele? Que Bernardo está no céu? Que é uma estrela?
Perdeu também o direito de mentir. É você e sua memória sozinhos no silêncio. Só resta a memória para quem matou a consciência.
Nunca encontrará perdão. Deixou Bernardo
desamparado. Deixou Bernardo com as mesmas roupas curtas, o mesmo
uniforme escolar surrado, desde que a mãe faleceu. Deixou seu filho
mendigar atenção pela cidade. Pelo fórum.
Não entendo o que leva um homem a anular
sua família anterior por uma nova namorada. O sexo é mais importante do
que a paternidade? A bajulação é mais importante do que a ternura?
Queria estar disponível para festas? Cortar gastos?
Fingiu que Bernardo não existia para não
atrapalhar a ambição da sua mulher? Fingiu que Bernardo não havia
nascido para atender à exclusividade de sua mulher?
Filho não é escolha, é responsabilidade. Já casamento é escolha…
Se a mulher não gostava de seu filho, não deveria ter recusado o relacionamento?
Como seria simples. Bastava dizer “Ou meu filho ou nada!”. É o que se fala no início do namoro.
Para você, nada.
Não é que você não tem mais nada, você
não é mais nada. Abdicou de seu filho para ficar com alguém. Você não se
contentou em abandonar sua família para criar uma segunda família, você
aniquilou sua família para criar uma segunda família.
Obrigava Bernardo a esperar fora de casa até você chegar do trabalho, agora é você quem espera fora de casa.
Obrigava Bernardo a lavar as mãos para brincar com a irmã. Pois tente lavar suas mãos agora para tocar no rosto dele.
Tente todos os dias de sua paternidade. Sangue não sai com a culpa.”
Texto do escritor e jornalista Fabrício Carpinejar
Fonte: maetips.com
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