Câmara dos Deputados aprova PEC que tira poder do Executivo sobre Orçamento
Líderes decidiram votar, nesta terça, proposta que obrigar o governo a executar todo o Orçamento de investimentos e emendas de bancadas estaduais

© Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
THIAGO RESENDE E
ANGELA BOLDRINI - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em votação-relâmpago, a
Câmara aprovou em dois turnos a proposta de emenda constitucional que
retira do governo poder sobre o Orçamento.
O texto vai ao Senado para ser analisado. Aprovado com ampla
maioria (448 votos em primeiro turno e 453 no segundo turno) representa
uma derrota para o governo do presidente Jair Bolsonaro.
A PEC
(Proposta de Emenda à Constituição) torna o Orçamento mais engessado,
pois classifica como obrigatório o pagamento de despesas que hoje podem
ser adiadas, principalmente investimentos.
Segundo técnicos da
Câmara, se a proposta avançar, de um Orçamento total de R$ 1,4 trilhão, o
Executivo teria margem de manobra em apenas R$ 45 bilhões das despesas.
Os cálculos consideram números relativos a 2019.
Atualmente, cerca de 90% do Orçamento já é composto de gastos obrigatórios, como Previdência e salários.
O restante (R$ 137 bilhões) é despesa discricionária, que pode ser cortada.
Mas,
pela PEC, os programas destinados a prover bens e serviços para a
população, como a área de infraestrutura e educação, passam a ser de
execução obrigatória.
Assim, segundo técnicos de Orçamento da
Câmara, sobrariam apenas a parte de Orçamento para custeio da máquina
pública -energia elétrica, terceirizados, etc. Isso soma, em valores de
2019, R$ 45 bilhões.
A PEC estava parada na Câmara desde 2015 e é
mais um recado do Legislativo que trava um embate com o
presidente Jair Bolsonaro e com o Palácio do Planalto.
A votação é
um recado da Câmara ao Planalto em meio à crise de articulação entre o
Executivo e o Legislativo. Todos os partidos orientaram pela aprovação
da PEC, inclusive o PSL, partido do presidente.
A unanimidade
virou até piada no plenário da Câmara, ao conseguir unir no painel de
orientação partidos de todos os lados do espectro político para impor
uma derrota ao governo.
Apesar disso, a orientação do próprio
governo, para evitar que a votação fosse caracterizada como uma
derrota acachapante, foi pela aprovação. O líder do governo na Câmara,
Major Vitor Hugo (PSL-GO), votou a favor da PEC. Já a líder do governo
no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), foi contra.
Não é comum que propostas de emenda constitucional sejam votadas na
mesma sessão. Com um acordo entre os líderes e o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), porém, o texto foi votado em dois turnos em menos
de uma hora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário