Moro diz que prefere desistir de pacote anticrime se Câmara tentar retirar corrupção do texto
O
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmou nesta
quarta-feira (27) que prefere desistir da tramitação do pacote anticrime
apresentado por ele ao Congresso se houver alguma tentativa por parte
de parlamentares de retirar do texto os trechos que tratam de corrupção.
Moro
participou de audiência na Comissão e Constituição e Justiça do Senado
(CCJ) para falar sobre o texto, que propõe mudanças na legislação penal e
processual penal, para reforçar o combate ao crime organizado, à
corrupção e à violência.
Além do texto de Moro, há, em tramitação
no Congresso, um projeto semelhante de uma comissão de juristas liderada
pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
O
cronograma do grupo de trabalho que analisará os pacotes conjuntamente
não prevê a discussão de temas relacionados à corrupção, apesar de haver
propostas sobre o assunto nos textos. Nos bastidores, existe a pressão
de deputados contrários à previsão de prisões após condenação em segunda
instância para que o trecho seja retirado.
Questionado sobre essa
suposta tentativa de retirar do texto os trechos sobre corrupção, Moro
afirmou que não houve, até o momento, nenhum pedido nesse sentido a ele.
“Nenhum
deputado ou deputada me solicitou a retirada das previsões da corrupção
do projeto. Eu, particularmente, se houvesse uma solicitação dessa
espécie, eu jamais concordaria. Os três temas estão relacionados. Eu
preferiria retirar o projeto. É preciso dar uma resposta aos anseios da
sociedade em relação a esses três temas em conjunto”, disse Moro aos
senadores.
Nesta terça (26), em entrevista à TV Globo, o deputado
Capitão Augusto (PR-SP), relator do grupo de trabalho que analisa os
textos de Moro e Moraes, admitiu que poderá retirar da proposta a
previsão de prisão após condenação em segunda instância judicial.
Segundo
o relator do grupo, caso a proposta atrapalhe a tramitação do restante
do projeto, é melhor deixar a análise deste ponto específico para o
segundo semestre e tentar aprovar os outros trechos dos pacotes, que
tratam de segurança pública e crime organizado.
À CCJ, Moro
defendeu a manutenção no pacote da previsão de prisão em segunda
instância. Ele disse ainda que a proposta baseia-se em entendimento
firmado pelo Supremo Tribunal Federal desde 2016.
O ministro
reconheceu que trata-se de um tema “controvertido” mas que fará o
possível para convencer os parlamentares a aprovarem o trecho.
“Estamos
indo em pontos de estrangulamento da legislação processual penal.
Execução da condenação em segunda instância. Sei que é um tema
controvertido. Respeito as opiniões em contrário, mas o fato é que se o
processo penal não chega ao fim em tempo razoável, de nada adianta nós
elevarmos penas, crimes, tornarmos o sistema mais seguro se não há
perspectiva real de aplicação da lei. Estamos prevendo de maneira clara
na legislação ordinária a execução provisória em segunda instância
baseados em quatro precedentes do Supremo Tribunal Federal nesse sentido
desde 2016”, disse Moro.
“Apresentamos o projeto via Câmara. Vamos fazer o possível para dialogar com os senhores senadores para convencê-los”, complementou o ministro.
“Apresentamos o projeto via Câmara. Vamos fazer o possível para dialogar com os senhores senadores para convencê-los”, complementou o ministro.
Fonte: G1
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