Estado de São Paulo registra o maior número de acidentes com escorpiões em 30 anos
Na capital, foram 294 casos no ano passado e, neste ano, já foram registradas 56 ocorrências, mas não houve mortes

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O Estado de São Paulo
registrou, no ano passado, o maior número de casos de acidentes com
escorpiões em 30 anos, de acordo com dados do Centro de Vigilância
Epidemiológica (CVE), órgão da Secretaria de Estado da Saúde. Em 2018,
foram 30.707 casos e 13 mortes no Estado. Neste ano, até 27 de
fevereiro, já foram registrados 4.025 casos e dois óbitos. Na capital,
foram 294 casos no ano passado e, neste ano, já foram registradas 56
ocorrências, mas não houve mortes.
A série histórica do CVE teve início em 1988. Até 1991, os
casos não passaram de 1 mil e, apenas em 1999, os 2 mil registros foram
superados. Nos anos seguintes, o número de casos continuou crescendo,
mas eram registradas pequenas quedas. Mas, a partir de 2012, quando
foram contabilizados 9.463 casos e três mortes, os registros não pararam
de crescer.
Segundo
especialistas ouvidos pela reportagem, o aumento do número de casos
está relacionado a diversos fatores, que vão desde o crescimento das
cidades, passando pelo transporte para diferentes regiões de materiais
onde os animais podem ficar escondidos, como materiais de construção, e
até ao fato de uma das espécies, o escorpião amarelo - que também é o
mais perigoso - ter fêmeas capazes de se reproduzir sem o macho.
Rogério
Bertani, pesquisador do Instituto Butantan, diz que o aparecimento com
mais frequência dos escorpiões nas residências coincide com o período de
chuvas por causa da necessidade que o aracnídeo tem de estar em locais
úmidos. "O escorpião depende muito de umidade. Quando está seco, ele
cava e desaparece, vai para uma área mais abrigada."
Lento e com
baixa visão, o escorpião costuma causar acidentes quando não é visto.
"Ele não ataca nem pula nas pessoas. O problema é que está sempre em
locais escondidos. Entra no sapato e fica lá, quieto. Quando a pessoa
coloca o pé, ele é apertado e, para se defender, pica."
Cuidados
O
socorro, em uma situação dessa, deve ser imediato. "Se for picado,
independentemente de ser criança ou adulto, deve-se procurar o serviço
médico o mais rápido possível. A picada é mais arriscada para crianças
abaixo de 12 anos e idosos. No hospital, a indicação costuma ser ficar
por seis horas sob observação, porque os casos podem passar de leve para
grave muito rápido."
Outra orientação é não se automedicar, tentar furar o local da picada nem amarrar a região.
Segundo
a Secretaria de Estado da Saúde, no ano passado, os escorpiões foram
responsáveis por 67% dos ataques de animais peçonhentos.
Combate
Em
2015, quando foram contabilizados 15,1 mil casos e sete óbitos no
Estado, o gerente regional de vendas Iuri Britto, de 36 anos, decidiu
buscar uma alternativa para diminuir o número de escorpiões no
condomínio onde é síndico no Jaguaré, na zona oeste.
Após
pesquisas, decidiu comprar galinhas d'angola para fazer o controle dos
escorpiões. Atualmente, são quatro no condomínio. "Elas são pet de todos
os moradores", conta.
De acordo com especialistas, a opção faz
sentido. "Os escorpiões são presas de uma série de animais. Lagartixa e
sapos podem ajudar a diminuir. Corujas são grandes predadores. As aves,
de um modo geral, são também. Qualquer predador ajuda a restabelecer o
equilíbrio", explica Bertani.
Na capital, segundo a Secretaria
Municipal da Saúde, os distritos que lideram, neste ano, o número de
acidentes são: Jaraguá, Pirituba, Sapopemba, São Domingos, Cidade
Tiradentes, Itaim Paulista e Bela Vista. A pasta afirma que desenvolve
ações de controle e manejo dos escorpiões.
Em Sorocaba, interior
de São Paulo, a confeiteira Osana de Oliveira, de 50 anos, mantém a casa
onde mora sozinha, no bairro Lopes de Oliveira, zona norte da cidade,
limpa e protegida contra todo tipo de inseto. Mas esses cuidados não a
livraram de sofrer uma picada do escorpião amarelo, o mais venenoso,
onde ela menos esperava, no interior de um ônibus do transporte público
da cidade. "Foi em dezembro do ano passado, mas ainda sinto dor na
perna, que não me deixa esquecer o trauma que sofri", conta.
Brasil
E
o aumento do número de escorpiões não se restringe à São Paulo. Dados
do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do
Ministério da Saúde, mostram que ocorreram 37.368 acidentes com
escorpiões no Brasil em 2007. Dez anos depois, o número saltou para
123.964.
Prevenção
Entulho
- "As pessoas devem se livrar de entulho no quintal e material de
construção que não está sendo usado. Também é importante manter a grama
sempre aparada", recomenda o biólogo Sérgio Bocalini, vice-presidente da
Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (Aprag).
Em casa - "Dentro de casa, a recomendação é ter ralo com sistema abre e fecha e colocar rodos de porta", afirma Bocalini.
Inseticidas - Deve-se evitar o uso de inseticidas. "Nesse processo, o escorpião pode sair e se esconder em algum lugar da casa."
Brasil ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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