Testemunha do acidente de Ricardo Boechat consegue apoio financeiro para realizar cirurgia cerebral
Leiliane
Rafael da Silva, 28, testemunha chave na investigação do acidente e
morte do jornalista e colunista da IstoÉ Ricardo Boechat, recebeu hoje
uma notícia que pode salvar sua vida. Portadora de MAV – malformação
arteriovenosa caracterizada pela alteração na formação dos vasos
sanguíneos no cérebro – a camelô terá suporte financeiro do professor e
doutor Feres Chaddad Neto, professor de neurociência da Unifiesp, para
realizar a cirurgia.
A camelô explica que a doença causa
convulsões, dores de cabeça e vômito. “O medo dos médicos é de os vasos
se romperem e causarem a minha morte. É mais perigoso que um tumor
cerebral. Tenho uma bomba relógio na cabeça.”
Leiliane
descobriu a MAV há quatro meses, mas mesmo assim vive normalmente como
se cada dia fosse seu último. “Se eu sentir dor ou convulsão, eu deito.
Quando passa, eu levanto e começo a preparar a comida, ou a limpar a
casa.”
Ela é camelô e vende produtos como sapatos e camisetas três
vezes por semana entre o Brás e o centro de Osasco. “Estou sempre por
aí.” Desde que descobriu a doença, ela não pode trabalhar com a carteira
assinada. “Não tenho como ficar sem trabalhar, preciso colocar comida
na mesa para meus três filhos.”
Ao ser perguntada sobre os memes
recentes em que ela vira uma super-heroína salvando vidas – ela ajudou
no resgate do motorista cujo caminhão se chocou com o helicóptero que
transportava Boechat – , Leiliane fica sem graça e diz que não se sente
uma mulher-maravilha. “Sou nada. Sou para minhas filhas. Isso eu sou.
Não aprendi a voar ainda, mas eu voo diariamente, corro para buscar elas
na escola, dar comida, dar de mamar para a menor, ajudar na lição de
casa, tenho que preparar um futuro para elas, ninguém sabe o dia de
amanhã.”
Fonte: IstoÉ
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