Com tiros, agentes executam animais presos ou feridos na lama da barragem de Brumadinho
Helicópteros faziam voos rasantes em área devastada do Córrego do Feijão
© REUTERS/Adriano Machado
Os helicópteros que cortavam
o céu de Brumadinho (MG) na tarde destas segunda-feira, 28, não estavam
ocupados apenas em apoiar a retirada de corpos dos escombros e da lama,
ou encontrar sobreviventes em meio à destruição. Ao menos uma das
aeronaves tinha a missão de executar, com tiros, animais ilhados, presos
na lama ou feridos.
Eram 14h37. Um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
fazia voos rasantes em uma área devastada do Córrego do Feijão, numa
região isolada e mais próxima da barragem de rejeitos. Um agente armado
com fuzil mirava, de dentro do helicóptero, locais onde enxergava
animais na lama. E disparava.
Do meio da mata, o jornal O Estado de S. Paulo
acompanhou a movimentação da aeronave. Foram mais de 20 disparos, até o
que o helicóptero partiu. O sacrifício dos animais ocorreu numa área
próxima do local onde mais de 20 brigadistas tentavam abrir um ônibus
coberto pela lama, com vítimas dentro. Há muitos bois ilhados ao longo
de todo o trecho da cidade que foi varrido pelo barro. Outros estão com
parte do corpo presos na lama.
Sacrifício
A
decisão de executar os animais foi confirmada à reportagem pelo chefe
da Defesa Civil de Minas, coronel Evandro Geraldo Borges. "O que vamos
fazer? Deixar o animal sofrendo? Estamos sim, com equipe em campo
executando esse trabalho, mas essa decisão só é tomada nos casos em que
não há outra opção."
O coronel explicou que a morte é prevista em
norma e só é efetuada em último caso, quando os bichos estão
agonizando. Ele ainda ressaltou que o sacrifício tem sido acompanhado
por uma equipe técnica. "Tudo isso é feito com acompanhamento de
veterinário".
Outra parte da equipe, disse o coronel, está
empenhada em socorrer animais "em condições de serem retirados" da lama.
Mas em muitas situações, declarou, só resta o tiro de misericórdia.
"Não tem jeito. Tem animal preso, outro com perna quebrada. Temos de
fazer escolhas, de retirar as pessoas, ir atrás de sobreviventes. Tudo
que está sendo feito foi pensado. É isso."
Próximo da equipe de
brigadistas que tenta abrir o ônibus tomado pelo barro, um boi cansado,
sobrevivente da tragédia, foi batizado de Resistente pelos agentes. Um
helicóptero se aproxima da área onde Resistente está. Não veio
executá-lo, mas carregar o primeiro corpo de uma vítima que os agentes
conseguiram retirar do ônibus.
Durante as oito horas em que o Estado acompanhou a
operação, Resistente chegou na receber um pouco de feno e água. Nesta
terça-feira, 29, disseram os brigadistas, o boi deverá ser sedado, para
que seja retirado dali com vida.
Brasil ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário