Engenheiros e funcionários da Vale são presos temporariamente durante operação
A detenção foi cumprida pelo Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Civil do estado
© Paulo Whitaker/Reuters
O Ministério Público de
Minas Gerais, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal
deflagraram na manhã desta terça-feira (29) operação para cumprir
mandados de busca e apreensão e mandados de prisão temporária
relacionados ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.
Foram presos três funcionários da Vale diretamente envolvidos e
responsáveis pela Mina do Córrego do Feijão e o seu licenciamento. Além
disso, foram presos engenheiros terceirizados que atestaram a
estabilidade da barragem recentemente.
Após o rompimento da
barragem, na sexta-feira (25), foram levantadas hipóteses sobre a
validade dos laudos que atestaram a sua segurança. A barragem da Mina
Córrego do Feijão não recebia novos rejeitos de minério desde 2015 e
seria desativada definitivamente. Em dezembro, foi obtida a licença para
o reaproveitamento dos rejeitos e o encerramento das atividades.
A
investigação deve apurar se os documentos que aferiram a segurança da
barragem foram fraudados ou se houve negligência no processo de
vistoria.
Dos cinco alvos da operação, dois tinham domicílio em
São Paulo e os demais residem na região metropolitana de Belo Horizonte.
Foi decretada a prisão por 30 dias e todos os presos serão ouvidos
ainda nesta terça pelo Ministério Público Estadual, em Belo Horizonte.
Ao
todo, foram cinco mandados de prisão temporária e sete mandados de
busca e apreensão. As ordens foram cumpridas na sede da Vale em Nova
Lima (MG) e de uma prestadora de serviços em São Paulo. Os documentos e
provas apreendidas também serão encaminhados ao Ministério Público para
análise.
A operação contou com o apoio das Polícias Militar e
Civil do Estado de Minas Gerais e, ainda, com atuação do Ministério
Público de São Paulo, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado).
Segundo a TV Globo, os dois
engenheiros que prestaram serviço de certificação da barragem à Vale são
Makoto Namba e André Yassuda.
A Vale informou, por meio de nota, que colabora com as autoridades.
A TRAGÉDIA
Uma
barragem da mineradora Vale se rompeu e ao menos uma transbordou nesta
sexta-feira (25) em Brumadinho, cidade da Grande Belo Horizonte,
liberando cerca de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério
de ferro no rio Paraopeba, que passa pela região. A lama se estende por
uma área de 3,6 km² e por 10 km, de forma linear.
Até o início da
manhã desta terça-feira (29), 65 corpos haviam sido encontrados. Desses,
31 já foram identificados, segundo a Polícia Civil de Minas. Até o
momento, foram resgatadas 192 pessoas pelos bombeiros. Há 279
desaparecidos, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais.
Nesta
segunda, as forças de segurança que trabalham nas operações de busca se
reuniram com a equipe israelense que chegou na noite de domingo para
auxiliar no resgate, e com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema
(Novo). Espera-se que, somados aos 280 bombeiros, os 136 militares
agilizem o processo de retirada de vítimas. Entre os equipamentos
trazidos de Israel estão sonares que podem detectar sinais de celular a
até três metros de profundidade e distinguir a lama de outras
substâncias, como corpos.
Contudo,
segundo o comandante das operações de resgate, o tenente-coronel
Eduardo Ângelo, o equipamento israelense não é muito eficaz na situação
atual e seria mais eficiente em um cenário em que ainda houvesse chance
de encontrar sobreviventes.
No domingo os bombeiros iniciaram a
evacuação de comunidades de Brumadinho após a constatação de que uma
segunda barragem da Vale apresentava risco iminente de rompimento. Um
alarme de aviso sobre rompimento de barragem soou às 5h30. A
possibilidade de um novo rompimento foi descartada depois.
A
barragem 1, que se rompeu, é uma estrutura de porte médio para a
contenção de rejeitos e estava desativada. Seu risco era avaliado como
baixo, mas o dano potencial em caso de acidente era alto.
Pelos
números 0800 285 7000 (Alô Ferrovia - prioritário) e 0800 821 5000
(Ouvidoria da Vale), a mineradora está recebendo informações sobre
sobreviventes encontrados e desaparecidos, além de solicitações de apoio
emergencial (abrigo, água, cesta básica, roupa, medicamento, transporte
etc.).
Os contatos também servem para o cadastro de interessados
em prestar apoio aos atingidos pelo rompimento da barragem. Para
doações, o endereço indicado é o do Centro Comunitário Córrego do Feijão
(Estr. para Casa Branca, Brumadinho - MG, 35460-000).
Alimentos
não perecíveis, água e materiais de limpeza podem ser doados nos
seguintes locais: 18º Batalhão da PM de Contagem, 2º Batalhão de
Bombeiros de Contagem, 66º Batalhão da PM de Betim e 5º Batalhão da PM
da Gameleira, em Belo Horizonte. Já doações de materiais de socorro não
são mais necessárias, segundo os bombeiros.
O Disque 100, do
governo federal, também abriu um canal especial para que os atingidos
pela tragédia possam solicitar ajuda na busca de desaparecidos ou
denunciar violação de direitos. As demandas são encaminhadas aos órgãos
competentes, principalmente nas situações de socorro.
Notícias ao Minuto com informações da
Folhapress
[Notícia em atualização]
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