Presidente Jair Bolsonaro se recupera de cirurgia e previsão é que deve ter alta em 10 dias
Bolsonaro retoma atividades na quarta-feira, em gabinete montado no hospital
© Isac Nóbrega/PR
Após sete horas de cirurgia,
o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teve a bolsa de colostomia retirada
nesta segunda-feira, 28, e o trânsito intestinal finalmente reconstruído
quase cinco meses após ser atingido por uma facada. Segundo boletim
médico divulgado no fim da tarde pelo Hospital Israelita Albert
Einstein, a operação ocorreu sem complicações e, após a cirurgia, o
presidente foi encaminhado para a UTI do hospital onde, até a noite
desta segunda, seguia em condição estável, consciente e sem dor.
Uma hora depois de concluída a cirurgia, o presidente
manifestou em seu Twitter que estava bem. Postou três emojis: um com a
bandeira do Brasil, outro com uma mão fazendo sinal de positivo e um
terceiro com duas mãos juntas agradecendo.
A operação, iniciada às
8h30 e concluída às 15h30, durou o dobro do previsto por causa de
inúmeras aderências intestinais encontradas no abdome do presidente. A
condição, decorrente das duas cirurgias anteriores, ocorre quando
tecidos de cicatrização das alças do intestino "grudam" em outras partes
do órgão, o que pode levar à obstrução intestinal.
Segundo o
porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, a quantidade
de aderências exigiu que os cirurgiões fizessem "uma verdadeira obra de
arte" para poder remover todas elas e reparar o intestino de Bolsonaro.
"A cirurgia foi conduzida de uma forma muito especial, muito cuidadosa,
devido à quantidade muito grande de aderências", afirmou o porta-voz, em
coletiva de imprensa no Hospital Albert Einstein, horas depois da
cirurgia.
Durante a cirurgia, foi necessária a retirada de uma
parte do intestino grosso chamada de cólon ascendente ou direito. "Foi
removido por segurança", disse o cirurgião chefe da equipe, Antônio Luiz
Macedo.
Com extensão de 15 a 20 centímetros, o cólon ascendente
era a parte do intestino que havia sido exteriorizada até a parede
abdominal para a saída de fezes até a bolsa coletora.
Com a
retirada dessa parte, a costura interna feita para restabelecer o
trânsito intestinal foi feita entre o íleo (última parte do intestino
delgado) e o cólon transverso (veja detalhes na ilustração ao lado).
Macedo
não explicou quais seriam as questões de segurança que levaram à
remoção do cólon ascendente, mas, segundo cirurgiões ouvidos pela
reportagem, essa opção pode ser feita quando o tecido do cólon
ascendente está deteriorado ou com muitas aderências ou então pelo fato
de a costura entre o íleo e o cólon ser menos propensa ao rompimento dos
pontos do que uma costura entre o cólon ascendente e o transverso.
"Enquanto a probabilidade de rompimento da sutura é de 2% no caso de
ligação entre duas partes do cólon, o índice cai para 1% quando ela é
feita entre o íleo e o cólon", afirma Fábio Guilherme de Campos,
professor da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Coloproctologia.
De acordo com o especialista, a
retirada dessa parte do intestino grosso tem poucas consequências para o
paciente. "O que pode acontecer é o paciente evacuar um pouco mais do
que evacuava antes, mas é uma mudança pequena na frequência e, com o
tempo, o intestino vai se adaptando", diz ele.
Volta ao trabalho
Ainda
na entrevista coletiva, Rêgo Barros confirmou que Bolsonaro ficará em
repouso por 48 horas e, na quarta-feira, retomará as atividades de
presidente, em gabinete montado no hospital. A previsão é de que
Bolsonaro tenha alta em dez dias. No entanto, disse o porta-voz, a
depender da evolução do quadro do presidente, esse período poderá ser
menor.
Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou
no último domingo, 27, para que um paciente submetido a esse tipo de
cirurgia tenha alta, é necessário que o intestino volte a funcionar
normalmente. A reintroducação alimentar é feita aos poucos e espera-se
que o operado volte a evacuar cerca de seis dias depois da cirurgia.
O
porta-voz afirmou também que a equipe médica não lhe informou nenhuma
limitação física do presidente como decorrência da cirurgia.
Acompanharam Bolsonaro no hospital a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e três dos seus cinco filhos: Eduardo, Carlos e Renan.
Bolsonaro usava a bolsa de colostomia desde o dia 6 de setembro,
quando levou uma facada em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
Política ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário