Conheça o sorvete especial que ajuda a aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia
Uma
equipe de nutricionistas da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) desenvolveu um sorvete especial capaz de aliviar os efeitos colaterais da quimioterapia –
náuseas, vômito, feridas na boca, aftas, lesões na mucosa e sensação de
boca seca. Além disso, atende as necessidades nutricionais dos
pacientes que, por causa do tratamento, apresentam redução do apetite e
perda de peso.
A equipe realizou extensa pesquisa sobre as
necessidades dos pacientes com o intuito de criar um alimento
economicamente viável e prático para o hospital e capaz de amenizar os
efeitos colaterais mais comuns do tratamento quimioterápico. A ideia
inicial era preparar geladinhos caseiros, mas uma fabricante de sorvetes
de Florianópolis (SC) se interessou pelo produto e resolveu produzi-lo.
O sorvete ainda atende os principais desejos alimentares dos pacientes:
frutas, sucos e sorvetes.
“O
principal objetivo da criação desse produto é proporcionar aos
pacientes o consumo de um alimento saboroso e nutritivo, que contemple
não apenas a questão nutricional, pois ele tem alta densidade energética
e é fonte de fibras e de proteínas, mas que também seja saboroso –
considerando que durante o tratamento o paladar encontra-se alterado e
são inúmeras as queixas de falta de apetite -, que contribua com a
redução dos efeitos colaterais da quimioterapia e proporcione um
tratamento mais humanizado”, explica disse Paloma Mannes, especialista
em Saúde com Ênfase em Alta Complexidade, à BBC.
Segundo o
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), durante o
tratamento contra o câncer, os pacientes podem seguir uma série de
recomendações que ajudam a aliviar os sintomas da quimioterapia, como
ingerir alimentos gelados ou em temperatura ambiente, além de beber
sucos e chupar gelo ou picolé de frutas cítricas (quando não houver
feridas na boca) nos intervalos das refeições.
Valor nutricional
Os
ingredientes utilizados na composição do sorvete são diferentes dos
convencionais. Na receita, as pesquisadoras adicionaram açúcar orgânico
(a polidextrose é uma fibra solúvel que ajuda a regular a digestão e a
flora intestinal), proteína isolada de soro do leite (whey protein) e
azeite de oliva sem sabor.
Em entrevista à BBC, Francilene
Gracieli Kunradi Vieira, orientadora do trabalho de conclusão de
residência (TCR) de Paloma, a combinação de ingredientes resultou em um
alimento altamente calórico (assim como os sorvetes tradicionais) que
consegue ser fonte de proteína de alto valor biológico e fibra, além de
ter baixo teor de gordura total, sem gordura trans, glúten ou lactose.
O sorvete está disponível nos sabores morango, chocolate e limão, por
serem mais populares.
Apesar de ter sido criado em 2017, todo o processo de desenvolvimento e análise de aceitação sensorial levou um ano.
Análise sensorial
Para
investigar a aceitação do produto, a equipe recrutou 138 participantes
(30 pacientes em quimioterapia e 108 consumidores saudáveis. Cada
provador recebeu uma amostra dos três sorvetes para os quais deveriam
atribuir notas a partir de uma escala sensorial que variava de 1 a 7
pontos. Para aprovação era necessário que pelo menos 75% dos
participantes dessem notas acima de 5 (valor que indicava aceitação). De
acordo com Francilene, os resultados foram positivos, e os três sabores
obtiveram uma média que variou de 77% a 98% de aprovação.
“Esse
resultado está possivelmente associado ao fato de que o sorvete faz
parte de um repertório alimentar reconhecido e apreciado pela população.
Por isso, ele representa uma possibilidade terapêutica promissora,
tanto na prevenção como na recuperação do estado nutricional de
indivíduos doentes, e também para a população em geral que prefere uma
versão saudável do produto”, explicou.
Fonte: VEJA - Publicado por: Larissa Freitas
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