terça-feira, 28 de agosto de 2018

Declarações do Papa sobre homossexualidade foram 'retocadas'

Vaticano muda declaração do Papa Francisco sobre gays


Vaticano retirou, nesta segunda-feira (27), a referência à “psiquiatria” na declaração dada neste domingo pelo Papa Francisco, ao ser questionado sobre a homossexualidade, e um porta-voz disse que o sumo pontífice não quis abordar o tema como “uma doença psiquiátrica”.
No domingo, em entrevista coletiva no avião que levava Francisco da Irlanda de volta para Roma, o Papa argentino disse que os pais que observarem tendências homossexuais em seus filhos devem dialogar e dar espaço para que a criança possa se expressar.
Durante a entrevista, o Papa disse: “Uma coisa é quando se manifesta quando criança, quando há tantas coisas que podem ser feitas, com a psiquiatria ou… para ver como estão as coisas. Outra coisa é quando se manifesta 20 anos depois”.
Na transcrição da entrevista, publicada nesta segunda pelo serviço de imprensa do Vaticano, a frase ficou: “Uma coisa é quando se manifesta quando criança, quando há tantas coisas que podem ser feitas, para ver como estão as coisas. Outra coisa é quando se manifesta 20 anos depois”.
Um porta-voz do Vaticano explicou à agência France Presse que a palavra “psiquiatria” foi retirada do boletim “para não alterar o pensamento do papa”.
“Quando o Papa se refere à ‘psiquiatria’, é claro que ele faz isso como um exemplo que entra nas coisas diferentes que podem ser feitas”, explicou a mesma fonte.
“Mas, com essa palavra, ele não tinha a intenção de dizer que se tratava de uma doença psiquiátrica, mas que talvez fosse necessário ver como são as coisas no nível psicológico”, acrescentou o porta-voz.
Na mesma entrevista, o Papa disse que não comentaria as acusações do arcebispo de um ex-embaixador do Vaticano de que teria encoberto abusos sexuais.
Associações criticaram
Associações LGBT francesas interpretaram que, ao citar ajuda psiquiátrica, o Papa considera a homossexualidade como uma doença e criticaram seus comentários como “irresponsáveis”.
“Condenamos estas declarações que fazem referência à ideia de que a homossexualidade é uma doença. Se há uma doença é esta homofobia arraigada na sociedade”, disse à agência France Presse Clémence Zamora-Cruz, porta-voz da Inter LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).
Suas palavras “graves e irresponsáveis incitam o ódio contra as pessoas LGBT em nossas sociedades já marcadas por altos níveis de homofobia”, reagiu no Twitter a organização SOS Homofobia.
‘Retoque’
Não é a primeira vez que o Vaticano “retoca” declarações dadas pelo papa, na tradicional coletiva que ele dá ao voltar de suas viagens ao exterior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário