sexta-feira, 10 de novembro de 2017

De volta ao comando do ninho tucano

Investigado pela Lava Jato, senador Aécio Neves reassume comando do PSDB

De volta, Aécio reassume PSDB
Um dos principais investigados na operação Lava Jato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou nota nesta quinta-feira (9) para comunicar que está reassumindo o comando do partido a fim de garantir isonomia de condições entre os dois postulantes à presidência da legenda, o governador de Goiás Marconi Perillo e o senador Tasso Jereissati (CE), que foi presidente interino do PSDB por quase seis meses. Ao reassumir, Aécio transmitiu a direção provisória da legenda para o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, um dos vice-presidentes tucanos.
A decisão de Aécio vem exatamente um mês antes da convenção nacional do PSDB que decidirá o novo presidente do partido, marcada para o dia 9 de dezembro. O comunicado divulgado pelo mineiro justifica a decisão para “garantir a desejável isonomia entre os postulantes” ao posto de comandante do PSDB, que atravessa frequentes turbulências desde o afastamento de Aécio do comando tucano. Desde então o PSDB rachou entre “cabeças pretas” e “cabeças brancas”, as alas pró-desembarque do governo de Michel Temer (PMDB) e contra deixar o barco governista, respectivamente.
O senador cearense tinha assumido o comando da sigla após Aécio se afastar do posto, em maio deste ano, após a divulgação de áudios que integravam o acordo de delação dos donos da JBS. Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. Agora, quase seis meses depois -período em que chegou a ser afastado do cargo de senador e foi obrigado a ficar em casa durante a noite por determinação do STF, mas conseguiu que seus colegas de senado revertessem a decisão 20 dias depois – o mineiro reassume o cargo.
“Estou reassumindo a presidência do partido e, ato contínuo, indicando nosso mais antigo vice-presidente, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, para conduzir com imparcialidade a eleição que se dará na convenção nacional marcada para o próximo dia 9 de dezembro”, diz o comunicado.
A candidatura de Tasso à presidência do PSDB foi oficialmente lançada ontem (terça, 8). Apesar de defender uma candidatura única, o parlamentar disputará a liderança da legenda com o governador de Goiás, Marconi Perillo, que já havia oficializado a candidatura para liderar o partido tucano, em contraponto a Tasso.
Repercussão
Minutos após o anúncio, os deputados tucanos Rocha (RN) e Daniel Coelho (CE) se pronunciaram sobre a decisão de Aécio. Em discurso na tribuna, o deputado cearense fez duras críticas a Aécio, Temer e a Alberto Goldman. Ele se disse surpreso com a decisão, e que seus colegas “que não têm comungado com o governo Temer” também foram pegos de surpresa.
Daniel é um dos principais “cabeças pretas” do tucanato e se disse decepcionado, pois acreditou em Aécio e vinculou sua imagem à dele durante as campanhas, por acreditar que ele podia trazer uma politica diferente para o Brasil. Ele classificou a destituição como “falta de respeito e de dignidade”. “O que custava uma ligação do Aécio, avisando que faria intervenção no partido?”, questionou o deputado. Entretanto, fontes ligadas a Tasso disseram que Aécio foi pessoalmente comunicar Tasso de sua decisão.
Coelho afirmou que Goldman, já tinha combinado esse “golpe rasteiro” com Temer e Aécio. Segundo ele, Goldman está em Brasília desde a manhã de hoje para assumir o partido. “Passa-se de todos os limites do respeito”, disse Daniel afirmando ainda que “numa canetada e movimento arbitrário”, os correligionários jogaram no lixo a história do PSDB. Coelho cedeu três minutos de seu tempo para o colega Marcus Pestana (PSDB-MG) falar. Para Pestane, a “autofagia pública” do partido é “inadequada.
Congresso em Foco

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