Alerta para necessidade dos homens precisarem se proteger mais durante o sexo
As mulheres não são as únicas responsáveis por evitar DSTs e gestações indesejadas. Mas estudo indica que os brasileiros ainda não dão bola para isso
A Organização Mundial da Saúde estima que metade das gestações no mundo
não são planejadas. Já um levantamento do Ministério da Saúde mostra
que 40 mil novos casos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são
detectados por ano no país. Mas, afinal, de quem é a responsabilidade de
pensar na prevenção na hora H?
Muitas vezes atribuída às mulheres, a pergunta deveria ser respondida
em uníssono: por todo mundo que for sexualmente ativo. No entanto, no
Brasil ainda falta um pouco para chegarmos à resposta unânime: 72% dos
homens entre 15 e 25 anos considera que é responsabilidade do casal e
10% acha que é obrigação feminina.
Mesmo acreditando na “divisão de tarefas”, 38% dos homens não apoiaria
sua parceira se ela decidisse parar de tomar a pílula anticoncepcional.
Só 39% deles vê o preservativo masculino como principal forma
contraceptiva.
Os dados vêm de um estudo do Departamento de Ginecologia da UNIFESP, em
parceria com a Bayer, realizado com 2 mil homens jovens de dez capitais
brasileiras. O intuito era entender o papel de homens e mulheres no
planejamento familiar e na prevenção de DST.
Uma das principais surpresas da pesquisa foi o efeito “faça o que eu
digo, mas não faça o que eu faço”. Apesar de 72% dos marmanjos acreditar
que a contracepção deve ser uma responsabilidade do casal e 34% dos
entrevistados elencar que contrair uma DST é a coisa que mais os
preocupa no sexo, a maioria não se protege.
Em números, 73% dos entrevistados já transaram sem proteção e apenas um
terço afirma usar preservativo em todas as relações. Destaques
negativos: 94% dos voluntários de Belém revelaram já ter feito sexo sem
proteção e apenas 4% dos de Porto Alegre e Curitiba transam com
camisinha em todas as relações.
Falta de preservativo?
Fazer sexo desprotegido não é apenas consequência da falta de camisinha
por perto. Veja: 60% dos homens disseram que costumam carregar um
preservativo consigo.
Quando perguntados sobre os motivos de terem transado sem proteção, 16%
responderam que não queriam cortar o clima, 11% “simplesmente
esqueceram” da necessidade de proteção, 10% decidiram arriscar, 9%
fizeram sexo desprotegido porque estavam bêbados ou sob efeito de drogas
e outros 9% contaram que a garota não quis ou não se importou em
transar sem proteção.
“A quantidade de jovens brasileiros sexualmente ativos que já fizeram
sexo desprotegido reforça a necessidade de ampliar o acesso a
informações essenciais sobre sexo e contracepção. A mulher é que mais
arca com as consequências de uma gravidez indesejada, e gestação não
empodera ninguém, escraviza. Empoderar a mulher é usar camisinha”,
afirmou Albertina Duarte Takiuti, ginecologista do Hospital das Clínicas
de São Paulo, durante a divulgação da pesquisa.
Saúde Abril - Créditos: Deborah Maxx/SAÚDE é Vital
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