A boa vida do operador escalado para receber propina em nome de Henrique Alves
Norton Masera sempre ostentou uma rotina de luxos, apesar dos vencimentos incompatíveis. O cotidiano nababesco, no entanto, está com os dias contados
Mesmo com uma renda modesta, ele levava uma vida de luxo, como é
possível constatar na foto acima, em que aparece a bordo de uma lancha.
Era visto em Brasília dirigindo carros potentes, como um chevrolet
Camaro, e pilotando motos caras. Além disso, é proprietário de bela casa
de dois pavimentos em condomínio valorizado. Na época de vacas gordas,
dividia o tempo com seu maior hobby, que é o motociclismo, e frequentava
festas badaladas na capital federal. Em algumas delas, costumava chegar
pelas águas do Lago Paranoá. Assim vivia até bem pouco tempo o servidor
do Ministério do Turismo, Norton Domingues Masera, de 42 anos. O que
pouca gente sabia é que ele era o homem encarregado de receber propina
em nome do ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que
está preso em Curitiba por superfaturamento nas obras do estádio Arena
das Dunas em Natal. Foi com as porcentagens desse dinheiro sujo que o
funcionário público bancou festas, comprou veículos valiosos e construiu
uma moradia invejável.
Quem denunciou ao Ministério Público a função cumprida por Masera foi
o doleiro Lucio Funaro, em delação premiada. Um dos principais
responsáveis pela prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, Funaro disse
que parte dos repasses ilegais destinados a Henrique Alves foi feita a
assessores do ex-ministro do Turismo. Um deles seria Masera. A afirmação
de Funaro é comprovada nas planilhas do operador do ex-presidente da
Câmara Eduardo Cunha apreendidas pela PF. Nelas, há uma indicação de que
Masera recebeu R$ 600 mil em setembro de 2014, quando Henrique Alves
era presidente da Câmara.
Depois que passou a exercer a atividade, o secretário parlamentar da
Câmara, na ocasião, aumentou seu patrimônio consideravelmente. Entre um
transporte e outro de malotes de dinheiro desviado de órgãos públicos –
quando Henrique Alves estava solto –, o homem da mala se dedicava aos
prazeres da vida. Em 2015, Henrique Alves, já no Ministério do Turismo, o
nomeou assessor especial, cargo que ele exerce até hoje. Seu salário é
de R$ 5,4 mil. Em junho deste ano, as finanças sofreriam um baque.
Henrique Alves acabou preso em uma das fases da Operação Lava Jato. Com o
ex-ministro e Lúcio Funaro encarcerados, as propinas minguaram. A vida
de Norton não foi mais a mesma. A situação pode piorar caso a Justiça
decida penhorar seus bens para cobrir o desvio dos cofres públicos.
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