Favela da Rocinha tem novo tiroteio entre militares e criminosos na madrugada deste sábado
(Foto: Ricardo Moraes / Reuters) |
Embora Forças
Federais estejam no segundo dia seguido de operação na Rocinha e após
um breve período de aparente tranquilidade, foram registrados novos
tiros na comunidade da Zona Sul do Rio de Janeiro, na madrugada deste
sábado (23).
Disparos foram ouvidos por volta de 4 horas. Após o
tiroteio, cinco criminosos que tentavam furar o cerco de Exército foram
presos e com eles apreendida farta quantidade de armas e munição
De
acordo com o Centro de Operações, o túnel Zuzu Angel, que faz a ligação
entre as zonas Sul e Oeste da cidade, foi interditado nos dois sentidos
por cerca de uma hora. A via foi liberada às 5h36.
Depois do
tiroteio, equipes do Exército apreenderam farta quantidade de armas e
munição na comunidade. A apreensão ocorreu na rua General Olimpio Mourão
Filho. Cinco criminosos foram presos e levados para a 11ª DP (Rocinha).
Durante
o tiroteio, os militares apreenderam armas, munição, dinheiro e
anotações do tráfico de drogas que foram abandonados por criminosos em
fuga. Segundo o Exército, o material foi abandonado em um táxi por três
homens, que conseguiram escapar ao cerco e fugiram para a mata.
Conforme
mostrou a GloboNews, por volta das 8h o clima era de aparente
tranquilidade na comunidade. Nos acessos, moradores circulavam
normalmente. Policiais militares e equipes do Exército mantinham o cerco
na região.
Também na madrugada a Polícia Civil apreendeu na Zona
Portuária dez fuzis que, segundo a corporação, seria levados para a
Rocinha. As armas pertencem à quadrilha do traficante Bob do Caju. Ele
estava foragido desde o ano passado e foi preso, também nesta madrugada,
na ilha do governador.
Operação militar
As
Forças Federais iniciam neste sábado o segundo dia de ocupação da
Rocinha. Há uma semana, quadrilhas rivais disputam o controle do tráfico
de drogas na favela com tiroteios, provocando pânico nos moradores da
região. As incursões na comunidade contam com o apoio de policiais do
Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
A
operação na Rocinha começou na sexta-feira (21), às 16h. Houve
confrontos entre os policiais e bandidos, mas ninguém foi preso e os
criminosos conseguiram fugir. Segundo as investigações, os traficantes
estariam escondidos dentro da mata que fica no alto da favela, entre
eles, de acordo com os policiais, Rogério Avelino da Silva, o Rogério
157, chefe do tráfico no local.
Pelo menos 16 criminosos já
identificados que atuam na Rocinha são procurados pela polícia. Todos
possuem mandados de prisão expedidos pela Justiça do Rio. Rogério 157
disputa o controle da Rocinha com Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso em
um presídio de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia. Mesmo detido,
Nem ordenou ataques na favela contra o grupo do rival.
O delegado
titular da 11ªDP (Rocinha), Antônio Ricardo Lima Nunes, informou, no
início da noite de sexta, que a Polícia Civil está na fase final da
confecção de um mandado de busca e apreensão em casas da favela. “Nós
vamos pedir ao Poder Judiciário que conceda buscas e apreensão em
residências em áreas conflagradas. Em cima disso, a gente pretende
prender outros indivíduos e também pretende apreender armas”, explicou
Nunes.
Para o delegado, o objetivo desse mandado é dar legalidade
às ações da Polícia. “Nós vamos poder acessar as residências com ordem
judicial, independente da vontade do morador”, completou.
Rocinha ‘pacificada’
O
ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou na sexta que, segundo
informações do Comando Militar do Leste, a Rocinha estava
“pacificada” no início da noite. Ele disse que os militares permanecerão
na comunidade durante “a noite inteira”, pelo menos até sábado. O
secretário de Segurança, Roberto Sá, declarou que a operação continua
“por tempo indeterminado”.
“Aquele tiroteio que foi observado na
parte da manhã já não acontece. As tropas especiais da polícia com o
apoio de tropas especiais das forças armadas estão tentando localizar os
criminosos que estão na mata ou em algum esconderijo espalhado na
própria Rocinha em algum lugar”, disse Jungmann. Ele afirmou também que,
na medida do necessário, a operação pode até contar com mais homens.
A
guerra entre os grupos dos traficantes Antônio Bonfim Lopes, o Nem, e
Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que foi intensificada na semana
passada, levou a polícia a realizar operações diárias na Rocinha,
comunidade com 70 mil habitantes.
Desde domingo, todos os dias
houve tiroteio. Na manhã de sexta, novos e mais intensos confrontos
levaram o governador Luiz Fernando Pezão a pedir ajuda militar. A
autorização foi dada pelo ministro Raul Jungmann.
O ministro
acrescentou que as tropas especiais do exército estão entre as melhores
do mundo para atuar em terreno de mata. “Tivemos um test drive de 13
anos no Haiti, temos tropas muito treinadas em termos de selva, de sorte
que esse pessoal aí é extremamente especializado, muito treinado, e
eles têm uma competência para usar a força exatamente proporcional ao
desafio que estão enfrentando”, afirmou.
O Exército está
empregando tropas de Comandos e Forças Especiais, inclusive snipers
(atiradores de elite), na operação na Rocinha. São os militares mais bem
treinados no país, que são preparados para todos os tipos de situações
de guerra e que atuariam em caso de um ataque terrorista. Em um vídeo
divulgado nesta sexta, é possível ver estes militares desembarcando de
rapel de um helicóptero no topo da favela. Estes homens estarão sempre
com os rostos cobertos e sem símbolos nos uniformes.
Perguntado
que outra atuação está prevista para as tropas das Forças Armadas no
Rio, fora a presença na Rocinha, o ministro disse que “isso depende do
que o estado demandar”. “Quem pilota esse esforço é o estado [do RJ].
Não há uma intervenção na segurança, e sim, exatamente, um
compartilhamento entre as tropas federais e as polícias do estado do Rio
de Janeiro”.
Em entrevista coletiva no Centro Integrado de
Comando e Controle (CICC), o secretário Roberto Sá falou ao lado do
almirante Roberto Rossatto, chefe do estado maior conjunto do comando
militar do leste. Eles detalharam os trabalhos das Forças Armadas na
Rocinha. Os soldados não fizeram apenas o cerco da comunidade, como
inicialmente planejado. Os militares atuaram nas principais vias de
acesso aà comunidade e também na mata.
Apesar de toda a operação,
iniciada na tarde de sexta, ninguém foi preso e nada foi apreendido com
os bandidos. Sá também negou que os tiroteios ocorridos em outras
favelas fossem ações orquestradas pelos criminosos.
Sá e Rossatto
explicaram ainda que a operação foi para “reconhecimento de terreno”.
Segundo as investigações, bandidos estariam escondidos em uma mata da
Rocinha, entre eles Rogério 157, chefe do tráfico da favela.
Roberto
Sá quis ainda tranquilizar a população do Rio. Segundo o secretário, os
cariocas podem ir às ruas. “Em Londres, por exemplo, tem terrorismo e
ninguém deixa de visitar a cidade”, disse ele.
Sá e Rossatto
também não descartaram que as Forças Armadas ocupem outras favelas do
Rio, como na Rocinha. Mas eles não deram detalhes sobre isso.
G1
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