Empresário Joesley Batista revela em entrevista novas organizações criminosas
O empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, afirmou
em entrevista à revista Veja que os novos anexos de sua delação
premiada, ainda não divulgados, vão revelar novas organizações
criminosas e que falou sobre propina com a ex-presidente Dilma Rousseff
na sala da Presidência, além de ter discutido pagamentos na sala de pelo
menos três ex-ministros – Guido Mantega, da Fazenda; Wagner Rossi e
Toninho Andrade, ambos ex-ministros da Agricultura.
– Os políticos perderam o pudor de
falar de propina. Por vezes eu tratei de propina com ministros no
Ministério. Falando naturalmente, no escritório: o Guido, ministro da
Fazenda, os ministros da Agricultura, o Wagner Rossi, o Toninho Andrade.
A Dilma, pô! Falei de propina com a presidente na sala da presidente da
República – disse o empresário.
O empresário disse, no entanto, que aprendeu a palavra “propina”
recentemente, no Ministério Público, pois nos gabinetes falava que daria
uma ajuda, um apoio. A exceção era o presidente Michel Temer.
– Temer sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo. Dizia
“Olha Joesley, precisava de 3 milhões, precisava de 300 mil para ver um
negócio da campanha lá”. Estilo né? Eduardo Cunha sempre falou direto de
dinheiro. O PMDB da Câmara é o mais explícito. Eles dizem “É tanto.”.
Eram 3 milhões, 5 milhões, 10 milhões.
Joesley disse que assim como esteve com Dilma, na mesa dela, falando
de “coisa errada”, esteve com Temer para tratar de negócios e nunca
foram amigos. Disse ter ido à casa e ao escritório de Temer para falar
sobre propina.
– (..) ele me pedindo dinheiro, eu pedindo alguma coisa a ele no Ministério da Agricultura – disse à revista.
Segundo o empresário, Temer é 100% direto.
– Temer é 100% direto. É engraçado né? Esse Temer que você vê na
televisão é falso. O Temer verdadeiro é o que eu gravei. Aquele Temer
que fala sem cerimônia.
Joesley disse que apesar de o presidente Temer falar baixo e formalmente, ele é 100% direto no conteúdo.
O empresário relembrou também que pousou num heliporto em Jacarepaguá
para entregar dinheiro ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo
Cunha, que estava no local com seguranças e carro oficial.
– Ele vinha de carro, os seguranças ficavam lá fora. Tinha uma sala, a
gente entrava, subia para uma sala de reuniões. Muitas vezes ele vinha
com uns assessores pessoais, e esses assessores transferiam o dinheiro
da minha mala para a mala deles.
Perguntado por Veja quanto chegou a entregar, afirmou que foi cerca de R$ 1 milhão, entre três e quatro vezes.
O empresário disse que ainda não se sente à vontade para sair às
ruas, o que chamou de “teste das ruas”, porque sua imagem hoje é a de
quem cometeu um crime e não foi punido. Outro motivo é que tem medo de
ser morto, já que rompeu com um sistema que ainda está instalado no
poder.
E pensa que, quando os novos fatos de sua delação forem revelados, a
sociedade poderá chegar à conclusão que ele teve imunidade, mas ajudou a
desbaratar a corrupção.
O Globo
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