Dinheiro achado mostra que Geddel é um “criminoso em série”, diz Ministério Público Federal
Prisão de Geddel ocorreu por conta das evidências apresentadas pela Polícia Federal que ligam o ex-ministro aos R$ 51 milhões
Maior apreensão de dinheiro vivo do país |
Procuradores
da Operação Cui Bonno? classificaram o ex-ministro da Secretaria de
Governo Geddel Vieira Lima como um “criminoso em série”. A declaração
faz parte da manifestação do órgão que pediu a prisão preventiva do
ex-ministro, detido nesta sexta-feira (8), em Salvador.
A prisão de Geddel, segundo a Justiça de Brasília, ocorreu por conta
das evidências apresentadas pela PF (Polícia Federal) que ligam o
ex-ministro aos R$ 51 milhões localizados em um apartamento em Salvador
nesta semana.
Geddel é investigado pelo suposto pagamento de propina por parte de
empresários em troca de facilitação ou liberação de créditos da Caixa
Econômica Federal, banco no qual ele foi vice-presidente de Pessoa
Jurídica. Ele foi preso em sua casa, em Salvador, onde cumpria prisão
domiciliar, por volta das 5h40 da manhã, e será levado para Brasília.
Em um trecho da representação do MPF, os procuradores afirmam que
Geddel fez do crime sua “carreira profissional”. “Noutras palavras,
Geddel Vieira Lima adequar-se-ia à figura do ‘serial criminal’, ou
criminoso em série, ou seja, criminoso habitual que faz de uma dada
espécie de crime (neste caso, crimes financeiros e contra a
Administração Púbica) sua própria carreira profissional”, diz um trecho
do documento do MPF.
O pedido de prisão foi embasado por impressões digitais, depoimentos e
até mesmo uma fatura em nome de uma empregada do irmão de Geddel, o
deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
Segundo o despacho do juiz federal Vallisney Oliveira, 10ª Vara da
Justiça Federal do Distrito federal, que autorizou a prisão de Geddel, a
PF encontrou impressões digitais do ex-ministro em algumas das cédulas
localizadas pela polícia.
Além disso, o documento indica que a PF encontrou uma fatura em nome
de Marinalva Teixeira de Jesus, que segundo a polícia, teria vínculos
empregatícios com o deputado Lúcio Vieira Lima. A PF também encontrou
impressões digitais no dinheiro referentes a Gustavo Pedreira do Couto
Ferraz, que também teve a prisão decretada.
De acordo com os investigadores, Ferraz seria uma pessoa ligada a
Geddel que, em 2012, teria sido indicada pelo ex-ministro para receber
recursos ilícitos repassados por Altair Alves, apontado pela Operação
Lava Jato como um dos operadores do ex-presidente da Câmara dos
Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A PF indicou também que tanto o dono do imóvel, Sílvio Silveira,
quando a administradora do condomínio onde o apartamento está
localizado, Patrícia dos Santos, confirmaram que o imóvel tinha sido
emprestado a Lúcio Vieira Lima.
Geddel estava em prisão domiciliar sem o uso da tornozeleira
eletrônica. O juiz Vallisney Oliveira justificou o mandado de prisão
preventiva contra Geddel por acreditar que há indícios de que o
ex-ministro continuou praticando delitos mesmo durante a prisão
domiciliar.
“No momento, são fortes os indícios do delito de lavagem de capitais,
tudo apontando ao fato de que o requerido não cumpriu a decisão na sua
integralidade e de que esteja reiterando na conduta criminosa”, diz um
trecho do documento.
Geddel, que foi preso em Salvador, está sendo transferido para Brasília nesta manhã.
A reportagem do UOL telefonou para o deputado Lúcio Vieira Lima e
para o advogado de Geddel, Gammil Föppel, para obter um posicionamento
sobre o assunto, mas nenhum dos dois atendeu as ligações. A reportagem
também enviou mensagens de texto para os dois, mas elas ainda não foram
respondidas.
Uol
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