Gleisi e marido roubaram R$ 100 milhões dos aposentados para abastecer campanhas
Segundo as
investigações, durante cinco anos, o esquema criminoso arrancou R$ 100
milhões de funcionários públicos federais que fizeram empréstimos
consignados. Parte do dinheiro pagou contas do ex-ministro Paulo
Bernardo; outra parte abasteceu o caixa do partido dele, o PT.
O consignado é um
empréstimo que oferece taxas menores para quem precisa, e risco mais
baixo para o banco porque a parcela é descontada diretamente do salário.
É um bom negócio para os dois lados, por isso, muita gente recorre ao
consignado quando precisa de dinheiro.
É o que acontece
com milhares de brasileiros, mas, por causa do esquema de corrupção,
todo funcionário público federal que pegou empréstimo consignado entre
2010 e 2015, pagou uma taxa de administração bem mais cara do que a
usual. A diferença entre o custo real do serviço e o valor descontado da
conta dos funcionários foi o que irrigou o esquema da corrupção.
“Um controle que
deveria custar 30 centavos, no máximo, já dando lucro para a empresa,
acabou custando para as pessoas que usaram desse crédito consignado mais
de R$ 1 por mês”, disse Fábio Ejchel, superintendente adjunto da
receita federal em São Paulo.
Funcionava assim: o
servidor, na ativa ou aposentado, pedia o empréstimo consignado a um
banco, recebia o dinheiro, e começava a pagar as parcelas. Nesse
pagamento estava uma taxa para o grupo Consist Software, empresa
contratada pelo Ministério do Planejamento para administrar o serviço.
Independentemente
do valor do empréstimo, todo mês, era descontado R$ 1,25 de cada
parcela. O custo real de administração mais o lucro da empresa não
passavam de R$ 0,40. Os outros R$ 0,85, ou seja, a maior parte, eram
desviados para o esquema de corrupção.
Parece pouco, mas
imagine isso multiplicado por todos os empréstimos consignados feitos
pelos milhares de funcionários públicos federais.
“R$ 100 milhões
foram desviados de funcionários públicos e pensionistas endividados, que
se privaram de medicamentos, e de suas necessidades básicas para
abastecer os cofres de corruptos. Isso tem que nos causar indignação,
isso não pode ser algo natural da nossa sociedade”, disse o procurador
da República Andrey Borges de Mendonça.
O total arrecadado
pela Consist no período foi R$ 140 milhões. Destes, R$ 40 milhões foram
para pagar o custo real do serviço da empresa. E os outros R$ 100
milhões foram desviados para o esquema de propina.
Segundo os
investigadores, o ex-ministro Paulo Bernardo ficou com R$ 7 milhões. O
percentual da propina para ele começou com 9,5%, enquanto ele era
ministro do Planejamento no governo Lula, e continuou mesmo depois que
ele foi para o Ministério das Comunicações, no governo Dilma, caindo
para até 2,5%.
“Nós investigamos a
participação do ex-ministro. Ele recebia através de um escritório de
advocacia, e eram feitos pagamentos de custas eleitorais, bens de cunho
pessoal. Isso durou de 2010 a 2015 ”, disse Rodrigo de Campos Costa,
delegado de Combate ao Crime Organizado.
“Os percentuais
foram se alterando ao longo do tempo, então, é difícil ter um valor
preciso. Inclusive havia disputas internas pela propina. Havia uma
briga, um querendo que a parte do outro diminuísse”, disse Andrey Borges
de Mendonça.
O procurador do Ministério Público Federal diz que infelizmente a corrupção não é exclusividade da Petrobras:
“Ela está espraiada
como um câncer em diversas entidades, instituições da nossa sociedade, o
que mostrou hoje foi isso, que o Ministério do Planejamento, o coração
do governo, estava atingido por esse mal”.
FONTE: Jornal do País com www.noticiasbrasilonline.com.br
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