Recibos apresentados pela defesa de Lula mostram datas que não existem
Dois
recibos apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para comprovar o pagamento de aluguel de um apartamento alvo de
investigação da Operação Lava Jato trazem datas que não existem no
calendário. Em um deles, consta que a quitação era referente ao aluguel
vencido no dia 31 de junho de 2014, e o outro no dia 31 de novembro de
2015.
Os
documentos foram apresentados por Lula após questionamentos do juiz
Sérgio Moro, que perguntou ao petista se ele tinha alguma comprovação de
que tinha feito os pagamentos ao dono do imóvel, Glaucos da
Costamarques, parente do pecuarista José Carlos Bumlai.
Lula
responde a um processo em que é acusado de receber propina da
Odebrecht. Segundo a denúncia, Glaucos da Costamarques comprou o imóvel
com dinheiro da empreiteira. O objetivo seria entregar o apartamento a
Lula, que alugava o imóvel desde que assumiu a Presidência da República,
para abrigar os seguranças que fazem a escolta pessoal dele. O parente
de Bumlai, conforme o Ministério Público Federal (MPF) teria agido como
laranja.
Além
das datas inexistentes, há outra incongruência nos recibos apresentados
pela defesa do ex-presidente. Embora o recibo trate do pagamento no dia
31 de junho, com pagamento no dia 5 de agosto, há outro comprovante de
pagamento que seria também referente ao mesmo mês, cuja quitação foi
realizada no dia 7 de julho de 2014.
A
pergunta de Moro sobre os comprovantes foi motivada pelo depoimento de
Glaucos. O dono do imóvel tinha dito à Justiça que só começou a receber
os valores referentes ao aluguel a partir de 2015, apesar de ter
declarado à Receita Federal que a família de Lula tinha quitado todos os
valores desde 2011, quando firmou contrato com a ex-primeira-dama
Marisa Letícia.
Ministério Público: O senhor declarou à Receita o recebimento desses aluguéis?
Glaucos: Declarei. Declarei.
Ministério Público: Era uma declaração falsa, portanto? Era uma declaração falsa à Receita Federal que foi feita?
Glaucos: É,
mas acontece o seguinte: eu tinha um contrato de aluguel. Como é que eu
ia fazer se eu não declarasse, entendeu? Eu declarei que eu recebi os
aluguéis, mas eu não recebi.
Lula
também havia declarado os valores à Receita Federal. De acordo com o
MPF, isso foi feito para dar um ar de veracidade ao contrato, que seria
fictício. A defesa de Lula diz que os procuradores não apresentaram
provas das acusações.
Outro lado
Em
nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Lula, diz que
os erros constantes em dois dos 26 recibos apresentados pela defesa não
têm relevância para o valor probatório dos documentos. Para ele, o que
fica demonstrado é que os alugueis foram quitados, diferente do que diz o
MPF.
G1
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