Produtor cultural admite ter jogado ovos no prefeito João Doria em Salvador
O
produtor cultural Eucimar Freitas, um dos três homens identificados
pela Câmara de Salvador como suspeito de ter atirado ovos em João Doria,
conversou com o G1 na quarta-feira (9) e admitiu ter
arremessado ovos em direção ao prefeito de São Paulo, durante
uma manifestação de militantes contrários à entrega do título de cidadão
soteropolitano ao político, pela casa legislativa da capital baiana, na
segunda (7).Eucimar
denunciou ainda que, depois da situação, foi ameaçado de morte por meio
das redes sociais, na noite de terça-feira (8). “Alguém conhece esse
cidadão? Está me mandando mensagens ameaçadoras. Publicando aqui pois
não irei me esconder, mas, se eu sumir, ao menos haverá algum ponto
conectado. Vida que segue e luta que não se acaba”, publicou. Ele
afirmou ainda que denunciou o usuário à rede social e prestará queixa na
Delegacia de Crimes Virtuais da Polícia Civil.
Um
vídeo divulgado nas redes sociais flagrou o momento em que Doria foi
atingido na cabeça por um ovo, pouco antes de entrar na Câmara. Eucimar
diz que arremessou dois ovos contra o político, comprados por ele mesmo.
Afirmou que tomou essa atitude por não concordar com a entrega do
título a Doria, mas destaca que não sabe se o ovo que pegou no prefeito
de São Paulo foi jogado por ele, já que outras pessoas também
arremessaram.
“Foi
um ato político. A gente fez ação de desagravo ao título a uma pessoa
da estirpe de Doria. A própria lei que concede o título diz que o
cidadão que vai receber precisa ter prestado relevantes serviços para a
cidade e não foi o caso. Além disso, o título é uma violência contra a
população, porque ele maltrata moradores de rua, apoiou o golpe e
defende Temer. Ninguém aceita isso”, disse, por telefone.
Eucimar
e os outros dois suspeitos identificados não chegaram a ser detidos
pela polícia, mas foram punidos pela Mesa Diretora da Câmara de
Salvador, que decidiu proibir o acesso deles às dependências da casa
legislativa até o dia 31 de dezembro de 2017. O presidente da Casa, o
vereador Leo Prates, disse que a decisão se baseou no regimento interno.
O
produtor cultural, que diz ser frequentador assíduo da câmara, no
entanto, criticou a punição administrativa imposta, já que segundo ele,
não tem nenhum fundamento. O G1 não conseguiu contato com os demais suspeitos.
“Foi
uma decisão meramente política, sem fundamento legislativo,
administrativo ou jurídico. O ato foi fora da câmara, em frente ao
Elevador Lacerda. Então, não justifica. Eu não estava dentro do plenário
no momento de realização de sessão e não desrespeitei nenhum vereador.
Também não houve nenhum dano ao patrimônio. Apenas arremessei os ovos
contra Doria. E além disso, o regimento fala em retirar o manifestante
da casa no momento do ato e não de proibí-lo de entrar por um período
tão longo”, afirmou.
O
presidente da câmara de Salvador, Léo Prates, disse que Eucimar e os
outros dois homens foram identificados através de imagens das câmeras de
segurança da Câmara e também foram reconhecidos por policiais que
estavam atuando durante a manifestação.
Segundo
Prates, dos 16 policiais militares que trabalham fazendo a segurança da
casa, 9 estavam de plantão no dia da visita de Doria e alguns deles
registraram, com celular, a ação dos suspeitos identificados. Eucimar
disse que fez um pedido para ter acesso às imagens para saber se ele
realmente aparece.
Ainda de
acordo com Prates, é possível que mais pessoas, além das que foram
identificadas, tenham atirado ovos e se envolvido na confusão. Ele
disse, no entanto, que somente os três homens puderam ser identificados.
Caso
O
prefeito João Doria foi atingido por um ovo logo quando chegava à
Câmara Municipal de Salvador, na noite de última segunda-feira. A
solenidade de entrega do título de cidadão soteropolitano a ele ocorreu
com a presença do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), do presidente da
Câmara, Léo Prates (DEM), além de outros integrantes do cenário
político da Bahia.
Bem
antes da solenidade, um grupo que não era a favor da doação do título
já protestava em frente à Câmara. A manifestação foi formada por
estudantes, populares, além de integrantes de sindicatos como a CUT e
grupos como o Levante da Juventude Popular.
Conforme
o Centro Integrado de Comunicação (Cicom) da Secretaria de Segurança
Pública da Bahia (SSP-BA), durante a confusão, um homem que participava
do protesto ficou ferido e precisou ser atendido pelo Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Em
seus perfis oficiais no Twitter e no Facebook, Doria publicou um vídeo e
fez postagens em texto lamentando o ocorrido. Doria apontou a vereadora
baiana Aladilce Souza (PCdoB) como uma das responsáveis por organizar a
ovada. De acordo com Doria, Aladilce arquitetou a ovada “em conjunto
com vereadores e membros do PT, PSOL e da Rede, que querem pregar a
intolerância no Brasil”. Procurada pelo G1, Aladilce negou a acusação.
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