Auxiliar de enfermagem faz gesto obsceno para paciente: 'aquele lugar é um horror'
“O
desrespeito que sofremos por esta senhora que nos mostra o dedo no
lugar de seu crachá é o mesmo que todos nós brasileiros somos vítimas
quando precisamos dos serviços públicos”. O desabafo é da gestora
Cláudia Alexandra Spagnol, de 47 anos, após passar pela Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) de Itanhaém, no litoral de São Paulo.
Cláudia
esteve na UPA na sexta-feira (4) para acompanhar a esposa, a cozinheira
Marta José do Nascimento Nunes Spagnol, de 53 anos, então com suspeita
de caxumba. Elas alegam terem sido destratadas por funcionários,
enquanto aguardaram por quase 10 horas o diagnóstico de uma médica que,
segundo ambas, nem olhou para a cara delas.
“Eu
tenho pânico de hospital, mas eu já estava há dois dias com febre e com
dor. Eu fui até lá, pois realmente precisava e não aguentava mais.
Queria um remédio”, contou a paciente. Ao ser atendida na recepção, ela
disse ter preenchido um formulário e aguardou a consulta com o médico, o
que ocorreu depois das 16h.
A
demora inicial, segundo ela, não foi o problema. “Nós já vamos sabendo
que não vai ser rápido e que vai ter muita gente esperando. É difícil.
Quando eu fui atendida, o primeiro médico foi atencioso e pediu exames
para confirmar a caxumba. Fiz em seguida e, como ia demorar, sai da UPA
para comer um lanche”.
Quando
retornou, Marta lembra que os funcionários da recepção pediram para que
ela preenchesse um novo formulário. “Nós pedimos uma explicação, já que
era a mesma consulta e queríamos o exame para o diagnóstico final do
médico e, assim, ir embora dali”, explica a companheira da paciente, que
a acompanhou.
A
resposta informada as duas era de que a troca de plantão, ocorrida por
volta das 19h, as obrigava a iniciar novamente o procedimento de entrada
na unidade. ”Era como se não estivéssemos ali. Nós chamamos o
responsável pela UPA, que não apareceu. Foi quando o tom de voz das
funcionárias começou a aumentar”, diz.
Cláudia
explica que pediu a identificação de três funcionários que estavam na
recepção, pois nenhum deles portava crachá durante o atendimento. “Eles
não informaram. Foi quando eu comecei a filmar para mostrar o que estava
acontecendo e como nos tratavam. Eu fiquei indignada. Aí a mulher
mostrou o dedo do meio para a gente”.
Mesmo
com o exame pronto, Marta diz ter sido atendida por volta das 22h. “Era
uma médica. Nós entramos e ela confirmou o [diagnóstico] de caxumba.
Mas ela nem olhou para a minha cara. Eu falei que esperei o dia todo e
que poderia ter contaminado outras pessoas, aí ela me respondeu: “é
assim que trabalhamos'”.
A
cozinheira ainda disse ter sido questionada pela médica se ela
precisava de um atestado. “Eu respondi que não. Eu disse que tinha ido
até a UPA, pois estava com dor e queria um remédio. Algo que me desse
uma solução. Antes de sair do consultório, eu ainda disse para a
doutora: ‘tenha um pouco mais de humanidade'”.
Indignadas,
Cláudia e Marta chegaram em casa na noite de sexta-feira ainda sem
acreditar pelo o que passaram. Elas escreveram um desabafo em uma rede
social, que repercutiu na internet junto com as imagens que mostram a
auxiliar de enfermagem fazendo o gesto e as ameaçando de processá-la
pela filmagem.
O
secretário de Saúde de Itanhaém, Fábio Crivellari Miranda, informou,
por meio da assessoria de imprensa, que a funcionária autora do gesto é
uma auxiliar de enfermagem. A Prefeitura afirmou ainda que um
procedimento administrativo vai ser aberto na próxima semana para apurar
o ocorrido na UPA. Os envolvidos serão ouvidos.
“Eu
nunca tinha passado por isso na minha vida. Aquele lugar é um horror.
Eu entendo que é difícil para todo mundo, mas me senti ali como se
estivesse pedindo um favor. A prepotência dela, que não sabíamos se era
recepcionista, enfermeira ou médica, ficou clara”, desabafa Cláudia.
Marta
afirma que vai procurar a ouvidoria da prefeitura na segunda-feira (7)
para formalizar a reclamação. “Olha, eu precisava de ajuda e eu fui
tratada como um lixo. Por isso eu não gosto de ir a hospitais. Somos
contribuintes, pagamos os nossos impostos em dia. Eu só queria mesmo era
ser tratada com humanidade. É pedir muito?”, finaliza.
G1
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