Em tumulto na Federação Paraibana de Futebol, imagem de santa é chamada de “neguinha macumbeira”
Publicado por: Larissa Freitas
A manobra do vice-presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF),
Nosman Barreiro, para chegar ao poder, ocorrida nesta quinta-feira
(1º), revelou também uma boa dosagem de preconceito racial e
intolerância religiosa. Ele chegou ao prédio acompanhado de aliados e de
um chaveiro pronto para tomar posse no cargo de presidente,
aproveitando que o titular, Amadeu Rodrigues, se encontra em viagem à
Europa. Antes de dar entrevistas como mandatário e já falando em nomear
novos auxiliares, Nosman viu uma das suas aliadas retirar uma imagem de
Nossa Senhora Aparecida da mesa, chamando-a de “neguinha macumbeira” e
falando que “aqui a gente só adora a Deus”.
O flagrante foi feito pela TV Cabo Branco e divulgado pelo Globo
Esporte. Nosman lançou mão de um chaveiro para abrir as portas da
Federação porque os advogados ligados a Rodrigues não permitiram que as
chaves fossem entregues ao vice, que tenta na Justiça retirar o
mandatário do poder. Dentro da Federação Paraibana de Futebol, ele
atendeu telefonemas e se preparava para fazer um pronunciamento como
titular do cargo. Foi quando, falando em permitir apenas a adoração a
“Deus”, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que descansava sobre a
mesa, foi arrancada por uma das manifestantes que acompanhavam Nosman na
“ocupação” da sede da Federação de Futebol.
Padroeira
Enquanto estava sentado na mesa, Nosman viu a aliada retirar a imagem
da Padroeira do Brasil da mesa e ainda esboça movimento para impedir. A
imagem pertence a Amadeu Rodrigues, que é devoto da santa. Os dois
brigam na Justiça pelo comando da federação. Rodrigues é acusado de não
dar transparência às contas da entidade, além de outras irregularidades.
Ele nega todas. Da França, por telefone, ele criticou o que chamou de
tentativa de golpe. Nosman diz que, com a ausência do presidente, ele
deveria ser empossado. O titular do cargo, no entanto, entregou
procuração determinando que, na sua ausência, o diretor jurídico da
entidade, Marcos Souto Maior Filho, responderia pela função.
Em meio à contenda, a aliada de de Nosman demonstrou maior
preocupação com a imagem cultuada pelos católicos. “Vamos tirar ela
daqui. Porque… ela aqui, não. Não, deixa ela aqui atrás. A gente só
adora uma coisa: Deus. Deixa ela aqui – alardeava a mulher, em tom
agressivo, enquanto levava a santa para um dos sofás do recinto. Logo
depois ela completou: “Tá repreendido. Botaram a neguinha macumbeira pra
cá”, finalizou.
Depois de todo este imbróglio, o caso acabou na polícia. Tanto Souto
Maior quanto Nosman chamaram a Polícia Militar para pedir a retirada do
grupo opositor. A PM, ao chegar, foi apresentada ao estatuto da entidade
e à procuração apresentada pelo diretor jurídico. Sem consenso, todo
mundo foi “levado” para o Ministério Público. A Confederação Brasileira
de Futebol comunicou que, para a entidade, não houve mudança e Amadeu
Rodrigues continua sendo o presidente da Federação Paraibana de Futebol.
A assessoria jurídica de Nosman, no entanto, continua tratando ele como
presidente.
Fonte: Globo Esporte
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