POLÍCIA FEDERAL ENCONTRA RECIBOS DE DESPESAS DE FAMILIARES DE TEMER NO ESCRITÓRIO DE ACUSADO DE RECEBER PROPINA
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| O coronel Lima, fotografado na semana passada (Jefferson Coppola/VEJA) |
O coronel João Baptista Lima Filho é amigo de longa data do presidente da República. Ele assessorou Michel Temer
quando o peemedebista assumiu pela primeira vez a Secretaria da
Segurança Pública do governo paulista, ainda nos anos 1980. Desde então,
a relação entre os dois estreitou-se. “Coronel Lima”
ou “doutor Lima”, como é conhecido, virou homem de confiança do
presidente: por muitos anos atuou em campanhas, muitas vezes no papel de
coordenador dos comitês eleitorais de Temer, e ajudou a resolver
problemas da família. O militar, de 74 anos, sempre prezou pela
discrição. Fotografias dele são raríssimas. Mais raras ainda são imagens
em que aparece ao lado de Temer. Ele é, no dizer que pessoas que o
conhecem, um homem que prefere a sombra aos holofotes. Há três semanas,
sua rotina quase monástica sofreu um revés. Ele virou alvo da Lava-Jato.
Agora, ao lado do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e
de outros auxiliares de Temer também sob investigação, o coronel é
peça-chave do tabuleiro que pode definir o destino do presidente.
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| Capa da revista VEJA desta semana - (Reprodução/VEJA) |
O coronel aposentado entrou no radar da Lava-Jato com a delação da cúpula da JBS. Ricardo Saud, o caixa-forte do grupo, contou aos procuradores que, na reta final da campanha de 2014, mandou entregar 1 milhão de reais
em espécie na sede de uma das empresas do militar. O dinheiro, segundo o
delator, era parte de um acerto de 15 milhões de reais feito com o
presidente e foi entregue ao coronel em espécie “conforme indicação
direta e específica de Temer”, nas palavras de Saud. Os investigadores
foram atrás do amigo do presidente. Em seu escritório, encontraram ao
menos três pacotes de documentos que fizeram surgir a suspeita de que o
coronel, além da acusação de receber propina, seria encarregado de
resolver pendências financeiras ao clã presidencial.
Entre os pacotes, havia comprovantes de pagamento e recibos de despesas de familiares e também do próprio presidente da República.
Em uma caixa plástica azul guardada no subsolo do prédio onde funciona a
empresa de João Baptista Lima Filho, também havia recibos de pagamentos
de serviços executados durante a reforma da casa da psicóloga Maristela de Toledo Temer Lulia, uma
das três filhas do presidente. Entre os papéis, havia ainda
comprovantes de pagamentos antigos ligados ao presidente (um deles, de
1998), planilhas com “movimentações bancárias”, programação de
pagamentos do escritório político do então deputado Michel Temer e uma
coleção de reportagens “sobre corrupção e casos de propina”, como anotou
o responsável pela busca.
Todo o material foi encaminhado para a sede da
Procuradoria-Geral da República, em Brasília. Temer nega ter qualquer
relação financeira, pessoal ou familiar, com o amigo coronel Lima.
Veja


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