STF: Ministro Gilmar Mendes manda libertar o empresário Eike Batista
Empresário está preso desde o mês de janeiro no Rio
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou
a libertação do empresário Eike Batista, preso em Bangu pela Operação
Eficiência, que investiga contratos fraudulentos de empresas com o
governo do Rio de Janeiro. O ministro suspendeu a prisão preventiva
decretada em janeiro pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do
Rio. O ministro também afirmou que o juiz pode analisar a necessidade de
aplicação de medidas cautelares – como, por exemplo, a prisão
domiciliar ou o monitoramento por tornozeleira eletrônica.
Na decisão, Gilmar ponderou que os crimes são graves – no entanto, isso
não é um motivo forte o suficiente para justificar que ele fique preso.
“O fato de o paciente ter sido denunciado por crimes graves – corrupção
e lavagem de dinheiro –, por si só, não pode servir de fundamento único
e exclusivo para manutenção de sua prisão preventiva”, afirmou.
Segundo o ministro, não há prova concreta de que Eike teria tentado
atrapalhar as investigações, como afirmou Bretas no decreto de prisão.
“Não há notícia de que o investigado tenha adotado ulterior conduta para
encobrir provas, além de eventualmente ter participado de reuniões”,
anotou o ministro. Gilmar acrescentou que os crimes supostamente
praticados pelo empresário estão ligados ao grupo político do
ex-governador Sérgio Cabral, que já não está mais no poder – e,
portanto, não haveria mais chance de continuidade dos delitos.
Gilmar explicou, ainda, que Eike é suspeito de ter cometido corrupção
passiva. Ou seja, ele pagava propina no suposto esquema de fraudes em
contratos. Portanto, a libertação dele não seria uma ameaça para se
recuperar o dinheiro desviado, já que as quantias não estaria, mais sob o
domínio do empresário. “Acrescento que o paciente teria atuado do lado
ativo da corrupção. Não há, em princípio, possibilidade de manutenção de
recursos ocultos provenientes dos crimes em questão”, escreveu o
ministro.
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Segundo o ministro, “o perigo que a liberdade do paciente representa à
ordem pública ou à instrução criminal pode ser mitigado por medidas
cautelares menos gravosas do que a prisão”. Ou seja, na visão de Gilmar,
o uso de tornozeleira eletrônica, ou a apresentação do investigado de
forma periódica ao juiz, por exemplo, poderiam ser medidas suficientes
para garantir a continuidade das investigações e para prevenir que Eike
cometa outros crimes.
O advogado Fernando Martins, que defende o empresário, informou que
ainda aguarda a liberação dos ofícios no STF, que serão encaminhados
para o Justiça do Rio para a expedição do alvará de soltura, o que deve
ocorrer neste sábado ou domingo.
- O ministro identificou a falta dos requisitos para a manutenção da
prisão preventiva conforme nós apontamos no pedido - comentou o
advogado.
Quando a prisão foi decretada, a defesa recorreu ao Tribunal Regional
Federal (TRF) da 2ª Região, que negou o pedido de habeas corpus. Os
advogados recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde a
ministra Maria Thereza de Assis Moura também negou liminar a Eike. A
defesa apelou para o STF. Normalmente, o tribunal não julga esse tipo de
pedido quando o STJ ainda não analisou o mérito da questão – o que
aconteceu no caso do empresário. No entanto, Gilmar considerou a prisão
ilegal e, por isso, resolveu julgar o processo mesmo sem que o STJ tenha
encerrado sua análise.
Eike é investigado de ter pago propina ao então governador Sérgio
Cabral no valor de US$ 16,5 milhões. Também é suspeito de ter praticado
lavagem de dinheiro, porque ocultou a origem do dinheiro. Segundo a
denúncia, Flávio Godinho, ligado a Eike, teria sido o responsável por
montar contratos internacionais fictícios de prestação de serviços de
consultoria para justificar o repasse dos recursos no exterior.
A prisão preventiva de Eike foi decretada no dia 13 de janeiro, pela 7ª
Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. O empresário, que estava em
viagem internacional, retornou ao Brasil e se entregou à Polícia Federal
dia 30 daquele mês.
Eike está preso na Penitenciária Bandeira Stampa (Bangu 9), no Complexo
Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. A unidade recebe
presos do regime fechado, em sua maioria policiais cumprindo pena por
envolvimento com milícias. De acordo com dados coletados em dezembro, a
unidade também opera acima da capacidade: na ocasião, tinha 657 presos
para 547 vagas. Segundo agentes da Seap, as celas são para seis detentos
cada.
Globo
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