Papa Francisco pede a líderes muçulmanos que digam não à violência em nome de Deus
"Vamos repetir um 'não' forte e claro a qualquer forma de violência, vingança e ódio cometido em nome da religião ou em nome de Deus", disse o pontífice
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O Papa Francisco encontra o grande imã da mesquita de Al-Azhar Ahmed al-Tayeb durante encontro no Cairo - (Foto: Reprodução/Reuters) |
O papa Francisco chegou nesta sexta-feira (28) ao
Cairo, capital do Egito, onde participou da Conferência Internacional de
Paz ao lado de líderes muçulmanos, em uma visita de apenas 27 horas.
Em discurso feito durante a conferência, ele pediu aos líderes
religiosos que digam "um não forte e claro" a toda violência cometida em
nome de Deus e alertou contra a "instrumentalização" da religião por
parte do poder.
"Vamos repetir um 'não' forte e claro a qualquer forma de violência,
vingança e ódio cometido em nome da religião ou em nome de Deus", disse.
O papa também advertiu que os responsáveis religiosos precisam
"desmascarar a violência que se disfarça de suposta sacralidade" e
assegurou que a religião não é a causa dos conflitos, e sim sua solução,
já que "os populismos demagógicos não ajudam a consolidar a paz".
Atentados
O Airbus da companhia italiana Alitalia, no qual o pontífice viajou,
aterrissou no Aeroporto Internacional do Cairo às 14h (horário local, 9h
de Brasília) após decolar do aeroporto romano de Fiumicino três horas
antes.
Francisco foi recebido pelo primeiro-ministro do Egito, Sherif Ismail, e por vários políticos e autoridades eclesiásticas.

A 18ª viagem internacional do pontífice acontece apenas 20 dias
depois dos atentados contra os coptas no norte do Egito, para quem o
papa pretende enviar um sinal de unidade dos cristãos.
Francisco é o segundo papa que visita Egito, após a viagem feita por
João Paulo II em 2000, e em seu pontificado reiterou que não há uma
"guerra de religiões", após os diversos atentados reivindicados pelo
grupo jihadista Estado Islâmico (EI) que vitimaram cristãos e
muçulmanos.
Na capital egípcia, o pontífice se reunirá com o papa copta, Teodoro
II. A visita também tem caráter pastoral e Francisco se reunirá com
representantes da reduzida comunidade católica do país, de
aproximadamente 250 mil pessoas; os coptas, por sua vez, somam entre 10%
e 12% dos quase 90 milhões de egípcios.
No Cairo, Francisco será recebido pelo presidente egípcio, Abdel
Fattah el-Sisi. Não se sabe ainda se o papa mencionará a respeito dos
direitos humanos por parte do regime. Apesar da preocupação pela
segurança, o papa se deslocará pela capital egípcia em um veículo
normal, sem estar blindado.
No sábado, o papa vai celebrar uma missa no Estádio do Exército e
depois vai almoçar com bispos e clérigos egípcios, antes de deixar o
Cairo e retornar para Roma.
Segurança
A Catedral copta de São Marcos no Cairo foi enfeitada para receber o
papa. O templo, situado no bairro de Al Abasiya, foi adornado com três
cartazes com a bandeira egípcia nas quais se vê a imagem de Francisco
junto ao máximo representante da Igreja copta, Teodoro II, além do lema
da visita: "O papa da paz em um Egito de paz".
Na praça da catedral começaram a ser distribuídas bandeiras de
boas-vindas às pessoas que esperam impacientes a chegada do papa, 20
dias depois que dois atentados terroristas, assumidos pelo grupo
terrorista Estado Islâmico (EI), em duas igrejas coptas do norte do
Egito sacudiram o Domingo de Ramos.
As autoridades egípcias montaram um amplo esquema de segurança em
torno da nunciatura vaticana no Cairo, situada no bairro de Zamalek,
onde o papa Francisco se hospedará esta noite.
Desde o dia 25 de abril, os veículos não podem estacionar nas
principais vias de Zamalek por onde previsivelmente o pontífice passará e
há várias ruas fechadas ao tráfego, além de um amplo esquema policial
nos arredores da nunciatura, em coincidência com a visita.
G1
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